Christine Ourmières-Widener já tinha revelado ter tido um encontro com Fernando Medina na véspera do anúncio dos resultados da auditoria da Inspeção Geral das Finanças, a propósito da qual o Governo demitiu, em conferência de imprensa, a CEO da TAP e o chairman da companhia.

Durante a discussão, o ministro das Finanças, revelou a CEO, disse-lhe que a situação era “complicada, mas não me disse que ia ser demitida com justa causa. Não me explicaram a natureza do que ia ser dito nessa conferência de imprensa”, garantindo que só soube da sua demissão na conferência e só recebeu a notificação “uma semana depois da conferência de imprensa”. “Não tenho informação sobre quando ia sair da empresa e ainda hoje não sei”.

Estas primeiras declarações foram feitas em resposta a Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, mas o PSD voltou ao que disse ser “uma reunião secreta” com Fernando Medina, um dia antes da apresentação do relatório de auditoria da IGF. E nas respostas ao PSD revelou que “pediram-me que me demitisse”. E pede desculpa pela emoção na resposta porque esta situação “ainda é muito dolorosa” para ela.

A gestora indicou que Medina lhe terá explicado que seria difícil do ponto de vista do Governo que ela prosseguisse com o mandato. Christine admite que foi uma conversa “muito difícil” para ela. “Para mim sair assim, por um processo em que confiou nos consultores e com grande pressão sobre o Governo — que levou à saída de ministro e de um secretário de Estado com quem teve muito boas relações de trabalho — foi muito difícil”.

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O ministro, continuou a CEO depois de um intervalo na audição, sugeriu que “poderia ser boa ideia para a minha reputação demitir-me”.

O tema Alexandra Reis não foi discutido nesta reunião que se focou sobre o relatório da IGF que seria “desafiador”. Indicou também que tinha de organizar uma conferência de imprensa no dia seguinte.

A CEO já tinha reunido antes com Fernando Medina para discutir o futuro da TAP, numa reunião com conhecimento de Pedro Nuno Santos. A discussão, cuja data não indica, foi sobre o plano de reestruturação, resultados e interação com a Comissão Europeia. Não discutiu com o ministro das Finanças a saída de Alexandra Reis e só soube da sua nomeação para secretária de Estado do Tesouro (em novembro de 2022) pela imprensa.

Christine explica ainda que não se demitiu porque “não tinha feito nada de errado” e confessa que ficou “devastada” quando viu as notícias da sua demissão “por justa causa” na televisão. E reafirma que Medina não lhe disse que o Governo a ia demitir na televisão e anunciar logo o sucessor (Luís Rodrigues).

Indica ainda que o ministro das Finanças lhe explicou que seria a “única via possível para o Governo face à pressão política” criada sobre este caso e que não permitiria mantê-la no cargo, mesmo achando que a gestora estava a fazer um bom trabalho. “Mas a demissão é uma confissão de culpa, mas eu não fiz nada de errado.”

A presidente executiva da TAP refere que ainda não decidiu quais os próximos passos, mas “vamos fazer o que temos de fazer para assegurar que esta história não terá impacto na minha reputação futura”.