O Conselho Constitucional francês, conhecido como o grupo de “sábios”, já decidiu sobre o pacote de reforma das pensões. Esta sexta-feira, o grupo deu luz verde aos pontos essenciais do pacote, incluindo a medida do aumento da idade da reforma para os 64 anos.

O aumento da idade da reforma sem penalizações, que passará dos 62 para os 64 anos, é a medida mais polémica e que tem motivado protestos de grandes dimensões e greves gerais em França.

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Esta análise do grupo de nove sábios era vista como uma prova de fogo para a presidência de Emmanuel Macron. O Conselho Constitucional considerou que as ações do governo francês no tema da lei das pensões está em linha com a Constituição do país.

O Conselho optou por rejeitar a proposta dos partidos de esquerda para um referendo sobre este pacote legislativo. Ainda assim, foi apresentada uma segunda proposta para um referendo, sendo esperada uma decisão do Conselho Constitucional a 3 de maio.

O ministro francês do Trabalho, Olivier Dussopt, reagiu no Twitter à análise do Conselho Constitucional. “Saúdo a decisão do Conselho Constitucional, que confirma o essencial do projeto de reforma das aposentações. Esta decisão marca o fim do processo legislativo e e democrático de reforma após vários meses de consulta e debate no parlamento.”

Noutra mensagem, o ministro promete ainda “construir com parceiros sociais soluções para dar mais significado ao trabalho, melhorar condições laborais e atingir o pleno emprego”.

Depois desta análise do Conselho Constitucional, é esperado que a lei da reforma das pensões seja promulgada nos próximos dias. Os sindicatos também já reagiram à questão, indicando que vão continuar a contestação nas ruas. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) veio a público pedir a Emmanuel Macron para não promulgar a lei, indicando em comunicado que não vai aceitar reuniões com o governo francês até pelo menos dia 1 de maio.

Oposição francesa determinada em prosseguir combate

Os principais partidos da oposição francesa manifestaram determinação em prosseguir o combate contra o projeto de revisão da lei das pensões e alertaram para um aumento dos protestos. “A luta continua”, reagiu o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, enquanto a dirigente da extrema-direita, Marine Le Pen, considerava que “o destino político da reforma das pensões não está selado”

O dirigente do Partido Comunista, Fabien Roussel, apelou ao Executivo para “não promulgar” a lei que validada pelo Conselho Constitucional. “Receio uma erupção social, receio hoje um transbordamento”, alertou, e quando diversas manifestações contra o projeto foram assinaladas por violência, incêndios nas ruas e uma forte atuação policial.

“Caso seja promulgado, o Presidente não poderá continuar a governar o país”, declarou Mathilde Panot, responsável do partido da esquerda radical A França Insubmissa (LFI). “A mobilização prossegue mais que nunca e não deixaremos que esta reforma prossiga o seu caminho”, disse, e quando as manifestações, com a participação de centenas de milhares de pessoas desde janeiro, parecem estar a perder o fulgor inicial.

Pelo contrário, o chefe da direita tradicional, Eric Ciotti, apelou a “todas as forças políticas” que “aceitem” a decisão, ao considerar que “a censura de diversos artigos [pelo Conselho] sanciona os erros de método do Governo”.