O presidente reeleito do MpD e primeiro-ministro de cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou esta segunda-feira que o partido saiu “mais forte” das eleições internas, em que pela primeira vez teve um adversário na disputa da liderança.

“O MpD [Movimento para a Democracia, no poder desde 2016] sai mais forte destas eleições. A nível local, a nível dos concelhos, das regiões e do país, demonstrámos, mais uma vez, a nossa união e a nossa força“, afirmou Ulisses Correia e Silva numa mensagem de agradecimento à votação de domingo colocada na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Quero felicitar e agradecer os militantes do MpD por mais esta vitória e pela confiança em mim depositada para reconduzir os destinos deste grande partido. É a vitória da Democracia e da Liberdade. Pelo partido, pelo país”, afirmou.

Ulisses Correia e Silva foi reeleito no domingo na liderança do partido no poder em Cabo Verde, com mais de 90% dos votos.

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“Com os dados já expressos podemos adiantar que a vitória será do candidato Ulisses Correia e Silva”, anunciou, pelas 20h30 locais (22h30 em Lisboa), Silvano Barros, do Gabinete de Apoio ao Processo Eleitoral (GAPE) do partido, em conferência de imprensa, na Praia.

Para estas eleições concorreram à liderança do MpD Ulisses Correia e Silva, atual presidente, e Orlando Dias, atual deputado do partido, com 4.440 militantes em condições de votar na diáspora e 28.058 em Cabo Verde.

Silvano Barros acrescentou que se tratam ainda de “resultados parciais”, face ao “elevado número de mesas” para votação, em Cabo Verde e na diáspora, mas também devido aos “problemas de comunicação”.

“Estamos estimando uma votação acima de 90% para o candidato Ulisses Correia e Silva. Acreditamos que será uma votação expressiva”, disse ainda.

“Estas eleições, como se sabe e em várias ocasiões tivemos oportunidade de o denunciar, decorrem num contexto de grande desigualdade entre as candidaturas, com o meu adversário a beneficiar da utilização dos recursos do partido e do Estado“, acusou, já durante a madrugada, Orlando Dias, o candidato derrotado nesta eleição interna.

Voltou a afirmar que “o esquema montado funcionou muito bem”, alegando fraude eleitoral, e que e ao fim de dez anos à frente do MpD e a meio do segundo mandato enquanto primeiro-ministro de Cabo Verde, “Ulisses Correia de Silva sai fragilizado dessas eleições”, com uma parte significativa do partido a não se rever na sua liderança, aludindo igualmente à abstenção neste ato eleitoral.

“O resultado eleitoral, embora tenha ficado muito aquém do que esperávamos, traduz-se numa manifestação clara de pujança, de força e do futuro das ideias que corporizamos”, disse o deputado do MpD.

A votação decorreu em 283 mesas nos 22 concelhos de Cabo Verde, bem como em 29 mesas na diáspora, nomeadamente na Guiné-Bissau, Senegal, São Tomé e Príncipe, Angola, Portugal, Espanha, França, Países Baixos, Itália e Estados Unidos da América.

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Segundo o GAPE, “no geral, as eleições decorreram num bom clima” e com uma “votação expressiva”, desconhecendo-se qualquer situação de fraude eleitoral, como foi alegado pelo candidato Orlando Dias.

Ulisses Correia e Silva é primeiro-ministro de Cabo Verde desde 2016 e foi eleito presidente do MpD, pela primeira vez, em 2013, tendo enfrentado, pela primeira vez, uma lista concorrente ao cargo, neste caso liderada pelo deputado Orlando Dias.

Nas eleições foram ainda escolhidos os delegados à XIII Convenção Nacional, agendada para 26 a 28 de maio.

Ulisses Correia e Silva foi reeleito presidente do MpD a 9 de fevereiro de 2020 com 99% dos votos, liderando então a única lista que se apresentou à votação.Nessa eleição para presidente do MpD, para a qual estavam inscritos 31.541 militantes (contra 29.449 da eleição anterior), votaram então 18.250 (abstenção superior a 41%).

O primeiro-ministro cabo-verdiano foi eleito presidente do MpD, pela primeira vez, em 2013, com 98% dos votos expressos e reconduzido três anos depois com uma votação de 99%, sempre como candidato único.