Quando terminou a final da Taça da Liga em pleno Wembley Stadium, naquele que foi o primeiro título da temporada para o Manchester United e para Erik ten Hag no comando da equipa, houve um festejo que ficou no meio de todas as comemorações com Weghorst, avançado neerlandês de 30 anos que estava cedido ao Besiktas e que reforçou os red devils na sequência de um Mundial onde deu nas vistas com o bis nos quartos frente à Argentina, a mostrar por mais do que uma vez quatro dedos para as câmaras. O que significava isso? Que o anterior conjunto de Cristiano Ronaldo, o antecessor do gigante dianteiro, podia ambicionar a lutar por todas as provas em que estava inserido. Dois meses depois, de regresso ao principal palco do futebol britânico, a realidade era diametralmente oposta. E havia até quem colocasse a equipa atrás do Brighton a nível de favoritismo nas meias-finais da Taça de Inglaterra como o ex-avançado Robbie Fowler.

Ganharam aos que Hollywood deu a conhecer, perderam com os que todos sabem quem são: Sheffield cai e City agarra final

A razão até era fácil de explicar. Apesar da oitava posição na Premier League que poderá valer presença nos lugares com acesso às competições europeias em caso de vitória nos encontros em atraso, e mesmo perdendo o avançado Trossard a meio da época para o Arsenal, o Brighton é a equipa revelação da época e tem aquele que é uma espécie de treinador da moda no futebol europeu, Roberto De Zerbi. Já o Manchester United vinha de mais uma desilusão com o sonho de ganhar a Liga Europa a tornar-se um pesadelo em Sevilha (3-0) já depois de perder todas as hipóteses de chegar-se aos dois primeiros lugares da Premier League (e nesta fase ainda luta por assegurar presença entre os quatro com acesso à Champions). Ao contrário do que tinha acontecido até aí, apesar do mau arranque de época, os red devils vacilavam nos momentos chave.

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“Temos de ser melhores. Não se trata de qualidade individual: é caráter, desejo e paixão. Eles tiveram mais vontade de vencer e isso não pode acontecer. Quando cometemos este tipo de erros, é muito complicado vencer um jogo. Não se trata dos jogadores que estiveram ausentes mas sim dos que estiveram dentro de campo. Acredito neles, mas não fomos bons o suficiente. Mostrámos muitas vezes coisas boas mas agora não estávamos preparados. A este nível, a jogar pelo Manchester United, tens de estar preparados para todos os jogos. Esta era uma grande oportunidade para ganhar alguma coisa e deixámo-la fugir. Só nos podemos queixar de nós próprios”, apontara Erik ten Hag após esse pesado desaire consentido em Espanha.

Mais uma vez, e sem ter particular cuidado com as palavras, era isso que o técnico neerlandês pedia aos seus jogadores em mais uma decisão que valia presença na final com o Manchester City, que na véspera ganhara ao Sheffield United por 3-0: carácter, paixão, compromisso com a equipa, disponibilidade para o jogo. Foi isso que se viu, sem juntar a qualidade necessária para desconstruir um Brighton que, em vários momentos ao longo dos 120 minutos de um encontro que não teve qualquer golo apesar das várias oportunidades que foram sendo falhadas (ou defendidas, por De Gea e Sánchez), foi melhor. Tudo chegou aos penáltis, onde após 12 conversões conseguidas, March falhou e Lindelöf fez o 7-6 final de uma partida que manteve a regra: com Casemiro, Eriksen e Casemiro juntos de início, o Manchester United nunca perdeu.