O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump negou esta quarta-feira que tenha violado a colunista E. Jean Carroll, num depoimento em vídeo apresentado em tribunal, garantindo que as alegações foram “inventadas”.

Cerca de 30 minutos de excertos do depoimento de Trump foram visualizados pelos jurados, incluindo a sua enfática negação da acusação da colunista de que este a teria atacado em meados da década de 1990 num vestiário de uma loja em Manhattan.

“Se isso tivesse acontecido, teria sido denunciado em poucos minutos”, disse Trump, alegando que os clientes e os empregados da “loja muito movimentada” teriam ouvido algo e alertado as autoridades.

“É a história mais ridícula e nojenta. É simplesmente inventada“, disse Trump no depoimento em vídeo, gravado em outubro.

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No mesmo dia, os advogados de Trump disseram que não iriam chamar nenhuma testemunha e o juiz disse que as alegações finais seriam provavelmente apresentadas na segunda-feira, antes de o júri começar a deliberar na terça-feira. Trump não compareceu no julgamento e não vai testemunhar, o que dá mais peso ao seu depoimento.

Espera-se que os jurados do tribunal federal de Manhattan visualizem esta quinta-feira outras partes do depoimento de Trump, seguindo-se mais três testemunhas que serão chamadas a depor pelos advogados de Carroll. Carroll está a pedir uma indemnização monetária não especificada e uma retratação das declarações de Trump que alega serem difamatórias.

Trump negou conhecer Carroll, para depois afirmar: “Ela não é o meu género”. E argumentou que as alegações são tentativas politicamente motivadas para manchar a sua reputação e afastá-lo da Casa Branca.

Em tribunal assistiu-se a mais alegações de comportamento inadequado de Trump com mulheres e à reprodução do vídeo “Access Hollywood”, no qual Trump se gabava de agarrar os órgãos genitais das mulheres sem pedir autorização.

Natasha Stoynoff, uma antiga redatora da revista People, testemunhou, entre lágrimas, que Trump a beijou à força, contra a sua vontade, enquanto lhe mostrava a sua propriedade de Mar-a-Lago, logo após o Natal de 2005, para um artigo sobre o seu primeiro aniversário de casamento com a terceira mulher, Melania.

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Antes do julgamento, os advogados de Trump não conseguiram impedir que os jurados vissem o vídeo do “Access Hollywood” e ouvissem Stoynoff, que disse ter contado a poucas pessoas sobre o alegado incidente na altura, mas que decidiu vir a público depois de ver o vídeo e as subsequentes negações de Trump num debate de 2016. Trump negou que alguma vez tenha tentado beijar Stoynoff.

O testemunho de Stoynoff ocorreu um dia depois de outra mulher, a antiga corretora da bolsa Jessica Leeds, ter testemunhado que Trump lhe apalpou os seios e tentou enfiar a mão na sua saia quando estavam sentados lado a lado num voo de uma companhia aérea no final dos anos 70.

Carroll manteve as alegações contra Trump em segredo durante 17 anos, contando apenas a dois amigos próximos, antes de as tornar públicas num livro de memórias de 2019.

Os advogados de Trump atacaram a credibilidade de Carroll através de um exaustivo contra-interrogatório, questionando porque é que não gritou por ajuda durante o alegado ataque e porque é que nunca foi à polícia. Um psicólogo que testemunhou a favor de Carroll disse que é comum as vítimas de violação ficarem em silêncio e culparem-se a si próprias.

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