Depois de uma grande presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, com duas vitórias com o Rosengärd e uma exibição de superação na receção ao Bayern que por pouco não valeu um ponto, o Benfica tinha três grandes objetivos para o resto da temporada que passavam pela conquista de todos os troféus nacionais após a vitória na Supertaça. Existam outras metas paralelas, como a possibilidade de somar por vitórias todos os encontros realizados no Campeonato, mas era nas taças que se centravam quase todas as atenções. Na Taça da Liga, o objetivo foi cumprido com a vitória na final com o Sp. Braga. Na Taça de Portugal, o objetivo não foi cumprido, com uma derrota nas meias com o Famalicão após prolongamento. Seguia-se o Campeonato.

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Após uma série de 16 triunfos consecutivos na prova, muitos deles com goleada no final, o Benfica consentiu a primeira e única derrota no Campeonato na receção ao Sporting em pleno Estádio da Luz, naquele que fica como o encontro com mais adeptos de sempre no futebol feminino (mais de 27.000 nas bancadas), mas rapidamente recuperou com uma goleada em Braga a mostrar que seria uma mera questão de tempo até à festa do título. Na última ronda, apesar de nova goleada com o Atl. Ouriense também por 6-0, as leoas não escorregaram e tudo ficou adiado para este domingo em Gaia frente a uma equipa a necessitar de pontos para tentar fugir aos lugares de acesso ao playoff de permanência. Todavia, as diferenças eram evidentes.

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“A nossa expectativa é podermos finalmente fechar o Campeonato, fechar aquilo para que andámos a lutar e a trabalhar durante um ano inteiro. O grande objetivo é vencer o Campeonato. O Valadares Gaia é uma equipa que, neste momento, precisa muito de pontuar, pelo lugar da tabela que ocupa, e isso será uma grande motivação para o adversário. Vai ser um adversário combativo, agressivo, que vai lutar até ao último minuto por qualquer ponto que possa fazer. Empate suficiente para o título? Temos de ganhar, a única coisa que muda é que, no final do jogo, esse ganhar vai permitir festejar alguma coisa. Pressão? A motivação delas vai sobrepor-se a qualquer ansiedade que possam ter porque a verdade estamos mesmo muito próximas e elas não vão querer desperdiçar esta oportunidade”, comentara a treinadora das águias, Filipa Patão.

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De forma natural, a superioridade das encarnadas desde cedo se começou a ver e o título foi uma questão resolvida ainda com duas jornadas por disputar, com o Benfica a sagrar-se tricampeão naquele que foi o nono título desde 2018/19, quando estava ainda na Segunda Liga: três Campeonatos, três Taças da Liga, duas Supertaças e uma Taça de Portugal. Desta forma, as encarnadas passaram também a ter mais um triunfo no Campeonato do que o Sporting e igualou o Gatões (três), só atrás de 1.º Dezembro (12) e Boavista (11). E, em relação à presente temporada, somam 19 vitórias em 20 jogos com 92 golos marcados e só cinco sofridos.

Com a entrada de Christy Ucheibe para o meio-campo, tendo em conta a importância de ganhar essa zona do terreno num campo sintético que não era fácil, o Benfica dominou desde cedo as operações mas com mais dificuldades do que se esperava para criar ocasiões nas chegadas ao último terço perante a boa organização defensiva do Valadares que dava esperança aos muitos adeptos da casa que estavam também presentes. No entanto, e no primeiro remate enquadrado que não levava aparente perigo de Lúcia Alves, as encarnadas adiantaram-se no marcador num “frango” da norte-americana Erin Seppi (30′). Betinha, após um canto, ainda ameaçou o empate de cabeça mas o intervalo chegaria mesmo com a vantagem mínima (43′).

O Valadares teria de fazer algo mais perante a necessidade de conseguir pontos para subir na classificação mas nem por isso essa vontade se traduziu num maior caudal ofensivo, com o Benfica a continuar na mesma por cima do jogo e com oportunidades para aumentar a vantagem por Cloé Lacasse, a rematar ao lado após uma grande jogada individual na área, e por Ana Vitória, num livre direto para grande defesa de Erin Seppi. O golo parecia ser inevitável e surgiu à entrada do último quarto de hora, com Kika Nazareth, que entrara ao intervalo, a receber uma assistência de Cloé Lacasse e a rematar em arco sem hipóteses para o 2-0 (75′). Marta Cintra, aos 90+4′, ainda falhou uma grande penalidade mas a festa há muito que já tinha começado…