Prestar contas e cortar com a imagem de ser satélite do PS. Na primeira vez que falou aos delegados no 9º Congresso do PAN, Inês Sousa Real justificou os maus resultados nas legislativas com “erros já assumidos”, mas também com a “crispação política” e com uma “campanha de desinformação”, numa alusão às notícias sobre as empresas de frutos das quais foi proprietária. Na apresentação da moção, minutos depois, Sousa Real desvalorizou a perda de peso eleitoral do partido nas legislativas ao dizer que “os resultados não se aferem apenas pelas eleições.”

A atual líder do PAN e candidata à liderança — que foi para a campanha de 2022 como o partido que apoiava o orçamento do PS — deixa agora várias críticas ao Governo de António Costa. Inês Sousa Real criticou um “Governo que está a deixar que a oportunidade única de executar fundos comunitários essenciais para o desenvolvimento do país”, que “tem esquecido que o relógio climático não pára” e que “tantas vezes relega a proteção animal para último plano.” A líder e recandidata à liderança do PAN ataca ainda o facto do Governo de António Costa ser de “mãos largas com quem mais polui e lucra, mas fecha a mão na hora de chegar a quem mais precisa.”

Sugerindo que a outra lista pretende desgraduar a casa animal, Inês Sousa Real disse durante a apresentação da moção que “a causa animal não pode ser renunciada”, já que “faz parte do ADN” do PAN. A candidata diz que o partido não pode “enfrentar riscos de retrocesso ideológico”, pedindo “união e integridade das causas”.

Inês Sousa Real disse ainda que um dos seus objetivos passa por “ampliar a voz do PAN”. Para isso, releva a importância de ter um conselho consultivo para “integrar personalidades da sociedade civil”, bem como a “valorização dos que dão corpo às causas do PAN”.

Do ponto de vista da definição ideológica, Inês Sousa Real continua a ser genericamente vaga, mas defende que “há um campo político que não está ocupado e que o PAN tem a possibilidade de ocupar”, em particular um “posicionamento ideológico na economia” através da defesa da economia verde.

Sousa Real revisitou ainda o passado para lembrar os danos que causaram ao partido as saídas de Cristina Rodrigues (então deputada à Assembleia da República) e de Francisco Guerreiro (atual deputado independente no Parlamento Europeu). “Há dois anos, o partido enfrentava também um momento interno desafiante, havia ficado marcado pela saída de uma deputada e pela apropriação unipessoal do lugar de eurodeputado”, lembrou.

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