A Câmara de Lisboa homenageou esta segunda-feira o escritor e gestor cultural António Mega Ferreira, impulsionador da Expo’98, ao atribuir o seu nome a uma rua no Parque das Nações e ao assinar um memorando para disponibilizar a sua biblioteca.

“António Mega Ferreira era esse visionário, que criou cidade, que construiu cidade e que teve uma visão sobre a nossa cidade e, portanto, hoje estamos aqui juntos para lhe prestar esta homenagem, que é dar-lhe o nome desta rua para sempre. É eternizar, é não esquecer e é celebrar”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD).

A inauguração da Rua António Mega Ferreira (1949-2022) contou com familiares do escritor e comissário da Expo’98, bem como de outras personalidades políticas da cidade, inclusive o presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, Carlos Ardisson (CDS-PP), e a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Rosário Farmhouse (PS).

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“António Mega Ferreira inspirou-nos a todos”, disse Carlos Moedas (PSD), destacando o papel do gestor cultural como o “pai” da Expo’98.

“Em 1998, era emigrante em França. Este foi o primeiro projeto que, quando eu trazia os meus amigos franceses, me orgulhava, era extraordinário vir à Expo. Portugal estava no centro do mundo”, recordou o autarca de Lisboa.

Em representação da família, Duarte Azinheira considerou “uma homenagem justa” a atribuição do nome de António Mega Ferreira a uma rua no Parque das Nações, uma vez que foi o impulsionador do projeto da Expo’98, que permitiu a regeneração urbana desta zona da cidade de Lisboa.

Duarte Azinheira enalteceu o “aspeto duplo” do seu tio António Mega Ferreira, que foi gestor cultural e escritor, mas confidenciou que ele gostaria de ser lembrado como um escritor, porque “os livros eram tudo na vida dele”.

Relativamente à biblioteca, o sobrinho contou que o tio lhe ofereceu o seu espólio literário, mas como também já tem o seu acervo não conseguiu aceitar por falta de espaço: “As casas em Lisboa são tão caras que não é possível juntar duas bibliotecas enormes”.

“Não é uma biblioteca especializada, é uma biblioteca que corresponde àquilo que o António era como intelectual, um homem de gosto generalista. Na biblioteca do António é possível encontrar de tudo, desde histórias globais da música a dicionários de latim e grego, e até livros que nos ensinam a lançar o ‘tarot'”, informou Duarte Azinheira.

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Essa intervenção foi feita no âmbito da assinatura do memorando de entendimento entre os herdeiros de António Mega Ferreira, a Câmara Municipal de Lisboa, a Junta de Freguesia do Parque das Nações e a Universidade de Lisboa para a instalação no Pavilhão de Portugal da Biblioteca António Mega Ferreira e do Centro de Interpretação do Parque das Nações.

O reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, lembrou António Mega Ferreira pelo papel fundamental que teve na construção do edificado da Expo’98, nomeadamente o Pavilhão de Portugal, e por ser “um homem de cultura”.

Luís Ferreira adiantou que a Biblioteca António Mega Ferreira, que prevê a abertura daqui a um ano, vai ficar perto do Centro de Interpretação do Parque das Nações e paredes meias com um centro de estudos aberto 24 horas para os estudantes da Universidade de Lisboa.

“Queremos uma biblioteca que seja vista, lida, manuseada. Não queremos um armazém de livros”, expôs o reitor, referindo que o projeto para “uma biblioteca viva” foi possível de idealizar em 15 dias, o que considera que é uma lição para a Câmara Municipal de Lisboa, porque aguarda há um ano e meio resposta a processos para licenciamento.

“Aqui viram o que é ser presidente da câmara, que é receber uma queixa sobre habitação do Duarte e uma queixa sobre urbanismo do senhor reitor e, portanto, é isso o meu trabalho, é ouvir as queixas, atuar sobre as queixas e resolver as situações”, declarou Carlos Moedas.

Relativamente ao projeto da Biblioteca António Mega Ferreira, o autarca enalteceu a “conjugação de vontades”, que permitiu “concretizar rapidamente” uma ideia.

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“António Mega Ferreira era esse homem da conjugação das vontades, do conseguir trabalhar com todos, com as diferentes forças políticas, com as diferentes maneiras de pensar”, frisou o presidente da câmara, acrescentando que a sua biblioteca “mostra essa capacidade de viver no mundo, de trabalhar com todos e encontrar soluções”.

Carlos Moedas reforçou ainda a importância de manter viva a memória da Expo’98: “Isso hoje, mais do que nunca, nos momentos em que vivemos, momentos de instabilidade, momentos de guerra, momentos em que muitos tentam reescrever a história, ter aqui um centro de interpretação, onde temos esta biblioteca e este espólio de António Mega Ferreira é lutar para continuar a repetir a nossa história, e só repetindo a nossa história é que conseguiremos sempre, sempre, manter a nossa democracia”.

O presidente da Câmara de Lisboa participou ainda na inauguração da Vasco da Gama Tower e no lançamento do livro “A minha Lisboa, o Castelo, o Tejo e Tudo”, da autoria de António Mega Ferreira.