Uma palavra, uma só palavra, apenas uma palavra: imprevisibilidade. Nos últimos anos, e ao contrário do que acontece no quadro masculino quando pelo menos um dos agora dois mosqueteiros está bem em termos físicos, qualquer Grand Slam feminino pode ter um sem número de jogadoras apontadas para a vitória. Em Roland Garros, não havia exceção. É certo que Iga Swiatek ganhou duas vezes nas últimas três edições mas, recuando quase uma década, o Major francês teve oito vencedoras nos derradeiros nove anos. Agora, o filme parecia ter mudado e eram muito poucos aqueles que acreditavam que existisse uma final com as melhores do ranking. Swiatek, mesmo com dificuldades à mistura. Aryna Sabalenka, nem por isso.

Logo na primeira meia-final, a jogadora bielorrussa, número 2 do mundo e vencedora do Open da Austrália, acabou por não confirmar todas as expetativas criadas, vacilando frente à checa Karolina Muchova, 43.ª do ranking mundial, apesar de ter beneficiado de um match point de uma partida que terminaria com parciais de 6-7 (5), 7-6 (5) e 7-5. Iga Swiatek ganharia a seguir à brasileira Beatriz Haddad Maia por 6-2 e 7-6 (7) mas o tão aguardado duelo com Sabalenka acabou mesmo “cancelado” pela grande surpresa da prova.

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“A minha vida tem sido um constante carrossel de altos e baixos, agora estou a desfrutar da parte mais alta de todas. Estava preparada para deixar tudo no court e foi isso que fiz”, comentou a checa após o triunfo surpresa nas meias-finais, num caminho que começou com um triunfo contra a número oito do mundo, a grega Maria Sakkari, e que teve ainda mais uma vitória nos quartos frente a Anastasia Pavlyuchenkova. No entanto, tudo poderia ter sido diferente depois de enfrentar um break a perder por 5-2. “Não sabia se ia ou não passar, só pensava que podia aguentar e depois quebrar o serviço dela. De vez em quando tive de soltar uns gritos um pouco mais alto mas estava a tentar manter-se sempre calma”, explicou.

Assim, Karolina Muchova conseguiu a maior vitória da carreira onde chegou a ocupar como lugar máximo a 19.ª posição, alcançou a primeira final de sempre de um Grand Slam e, partindo como uma outsider, tem um dado estatístico que no mínimo deve colocar Iga Swiatek em sentido: em cinco encontros feitos contra top 3 mundiais desde 2019, entre Pliskova, Ashleigh Barty, Naomi Osaka, Maria Sakkari e Aryna Sabalenka, a checa ganhou sempre. “Bem, isso mostra que pelo menos posso competir contra as melhores”, referiu a esse propósito. “Não acho que possa ser considerada favorita na final mas o facto de poder jogar contra as melhores faz com que não pense tanto em ganhar ou perder mas sim mostrar o que valho”, acrescentou.

Em paralelo, mantém-se aquele que é um ritual da sorte por Karolina Muchova: faz os melhores Grand Slams quando assiste a um concerto ao vivo. “Já antes fui ao Shawn Mendes antes do US Open e aos Backstreet Boys antes de Wimbledon. Agora fui ver a Beyoncé, um dos melhores concertos que vi na minha vida e eu vou a muitos”, apontou a tenista de 26 anos que também toca guitarra e que, durante o US Open de 2020 ainda com várias regras e restrições contra a Covid-19, aproveitou mesmo para compor uma canção com o nome “US Open Bubble” onde contava a vida no torneio gravando um vídeo no Flushing Meadows.