Peter Murrell, marido de Nicola Sturgeon, que renunciou ao cargo de primeira-ministra da Escócia no mês passado, foi detido esta quarta-feira de manhã, na sequência de uma investigação às finanças e doações do Partido Nacional Escocês.

Segundo o The Guardian, Murrell foi “detido como suspeito” numa investigação em curso “sobre o financiamento e finanças do Partido Nacional Escocês”. Em causa está uma denúncia sobre a angariação de mais de 600 mil libras (o equivalente a cerca de 680 mil euros) recebidas pelo partido para a realização de um segundo referendo sobre a independência escocesa.

Murrell foi ouvido pelas autoridades e libertado “pendente de investigação” sem ter sido acusado, quase 12 horas após ter sido detido. O The Guardian acrescentou, citando a polícia escocesa, que está a ser preparado um relatório para o procurador.

Paralelamente à detenção, foram feitas buscas em vários locais, incluindo na casa do casal, em Glasgow, e na sede do partido, em Edimburgo, referiu a BBC. A estação de televisão britânica adiantou ainda que foram colocados dez agentes à porta de casa de Murrell e Sturgeon.

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Um “dia difícil” para o Partido Nacional Escocês

Humza Yousaf, que sucedeu a Sturgeon no governo da Escócia, afirmou que este era um “dia difícil” para o Partido Nacional Escocês. “Obviamente não posso fazer comentários sobre uma investigação que está a decorrer, mas posso dizer que o partido está a cooperar totalmente com a investigação e continuará a fazê-lo”, declarou o primeiro-ministro, citado pela BBC.

Nicola Sturgeon demite-se do cargo de primeira-ministra da Escócia. “É o tempo certo para mim, para o meu partido e para o meu país”

No cargo desde 2014, Nicola Sturgeon deixou de exercer funções como primeira-ministra em fevereiro deste ano, dizendo que este era “o tempo certo” para abandonar o governo. “Parte de servir bem é saber, quase instintivamente, quando é a altura certa de abrir caminho a outra pessoa”, adiantou, em conferência de imprensa, feita a partir da residência oficial, em Edimburgo.

A primeira-ministra afirmou que a decisão não teve por base “pressões a curto prazo”, que incluem as divisões no seu partido que surgiram em relação ao tema dos direitos das pessoas trans. E, em relação à independência da Escócia, disse ainda que a sua saída “dá liberdade ao partido para escolher o caminho que acredita ser o correto”.

Sturgeon foi a figura central de uma polémica este ano, quando ordenou a transferência de prisão de uma pessoa trans. Adaam Graham mudou de sexo durante um processo judicial em que é julgado por duas violações e ficou detido numa cadeia feminina. Mas a decisão foi anulada, com a primeira-ministra a determinar a mudança para uma cadeia masculina.