Depois das suspeitas de tráfico de pessoas na academia Bsports, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou este sábado que vai avançar com processos de investigação a clubes e agentes desportivos. Em comunicado, a FPF disse ser “necessário o esclarecimento das circunstâncias” em que os jogadores da Bsports tiveram contacto com clubes portugueses e também em que circunstâncias aconteceram os jogos entre os atletas daquela academia e de outros clubes, sobretudo da região Norte.
O objetivo, diz a Federação, será “avaliar a possível relevância disciplinar das condutas eventualmente imputáveis a clubes e agentes desportivos dos mesmos”. A decisão foi tomada esta sexta-feira e, acrescentou esta entidade desportiva, a instauração dos processos vai abranger futebol e competições profissionais e não profissionais — que incluiu clubes de todas as divisões.
O caso em que existem suspeitas do crime de tráfico de pessoas no mundo do futebol ficou conhecido esta segunda-feira, quando 50 inspetores do SEF fizeram buscas nas instalações da Bsports Academy e em casa de Mário Costa, fundador daquela academia e ex-presidente da Assembleia Geral da Liga de Futebol.
Foram identificados 47 jovens vítimas de tráfico de pessoas — 36 são menores. As autoridades suspeitam que está em causa um esquema que prometia a jovens da América Latina, África e Ásia uma carreira de sonho no mundo do futebol europeu. Para chegarem às instalações da Bsports, as famílias teriam de pagar uma mensalidade que poderia chegar aos 600 euros. Já em Portugal, dentro da academia, muitos jovens terão começado a perceber que os seus documentos de identificação — o passaporte — lhes eram retirados.
Mário Costa foi então constituído arguido nesta caso, por suspeitas do crime de tráfico de pessoas, e acabou por se demitir esta quarta-feira, durante uma reunião marcada por Pedro Proença, presidente da Liga. E, um dia depois, o Conselho de Justiça da Liga anunciou que instaurou um processo disciplinar a Mário Costa “pelos atos praticados no exercício da sua função de dirigentes”.
