Os bastonários de todas as Ordens profissionais serão obrigados a entregar no Tribunal Constitucional uma declaração única com os rendimentos, o património, os interesses e as incompatibilidades, avança o jornal Público.

Esta é uma das medidas que constam da chamada Lei das Ordens. A proposta de lei do governo entrou esta segunda-feira à noite no Parlamento e pretende alterar os estatutos de 24 ordens profissionais, em várias áreas (Saúde, Justiça, Contabilidade ou Ciências).

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Os bastonários ficam, desta forma, com as mesmas obrigações que os titulares de cargos políticos. O governo acaba por ir ao encontro das intenções de vários partidos políticos (sobretudo à esquerda, como o Livre, Bloco e PCP) que pretendiam introduzir essa obrigação, como forma de aumentar a transparência.

Outra alteração que a nova lei, a ser aprovada, vem introduzir é uma maior paridade de género nas Ordens, nomeadamente nas listas de candidatos. A proporção de pessoas de cada sexo não pode ser inferior a 40%.

Governo quer uma “polícia política dentro das Ordens” profissionais, acusa bastonária dos Enfermeiros

Outra medida polémica, e que tem sido contestada por várias Ordens é a da criação de um conselho de supervisão. Este conselho terá o poder de determinar as taxas de inscrição nas Ordens e de acompanhar os conselhos disciplinares. Caberá a este conselho também a tarefa de reconhecer as competências obtidas no estrangeiro pelos profissionais.

Tanto a Ordem dos Médicos (OM) como a Ordem dos Enfermeiros mostraram-se contra a criação do conselho de supervisão. Ao Observador, o ex-bastonário da OM Miguel Guimarães disse mesmo que o o Governo “quer controlar a Ordem dos Médicos”. Já a bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, acusa mesmo o executivo de querer “uma polícia política dentro das Ordens”.