O antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, considera que o republicano Donald Trump é um “candidato menos do que ideal” para novamente ocupar a Casa Branca, tendo em conta os processos judiciais de que é alvo. Avisando que as instituições democráticas estão cada vez mais frágeis em todo o mundo, Obama ressalvou que o “facto de um antigo Chefe de Estado responder judicialmente corresponde ao fundamento de que ninguém está acima da lei e que as alegações vão agora ser investigadas”.

Numa entrevista à CNN internacional em Atenas, o ex-Presidente, que ocupou o cargo desde 2008 a 2016, deixou várias críticas àquele que foi o seu sucessor. Segundo Barack Obama, Donald Trump tentou “silenciar os críticos através do processo legislativo” e tentou “intimidar a imprensa”. “Ao ser Presidente dos Estados Unidos, precisa-se de alguém que assuma o dever seriamente”, criticou, atirando que é “necessário um Presidente que acredite não só na Constituição, como também no espírito da democracia”.

No entanto, apesar das tentativas de Donald Trump, Barack Obama disse que a democracia é “maior do que uma pessoa”, avisando que é preciso reformar as instituições democráticas. “Eu acredito que a democracia vá ganhar e nós vamos lutar por ela.”

Questionado sobre se os presidentes norte-americanos se devem encontrar com líderes de regimes autocráticos, Barack Obama reconheceu que é um assunto “complexo” e recordou o seu mandato na Casa Branca: “Quando eu era Presidente dos Estados Unidos tinha de lidar com algumas figuras que em alguns casos eram aliados. Mas se me perguntassem em privado se eles geriam os seus governos e os seus partidos políticos de forma democrática, eu teria de dizer que não”.

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Mesmo assim, Barack Obama indicou que é necessário “fazer negócios” com esses parceiros menos democráticos, sendo igualmente “importantes” por “razões de segurança nacional”.

Relativamente ao atual Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama não poupou nos elogios. “Eu penso que Joe Biden fez um trabalho extraordinário a liderar o país em tempos muitos difíceis”, assinalou, prevendo que o atual Chefe de Estado não terá qualquer oposição interna dentro do Partido Democrata para a corrida na Casa Branca em 2024. “Penso que o partido está unido. A verdade é que a forma como o Joe governou fez com que as divisões cessassem.”

Na mesma entrevista, Barack Obama comentou a guerra na Ucrânia, saudando a “coragem e a bravura” dos ucranianos que resistem à invasão russa. Sobre a anexação da Crimeia, que ocorreu durante o seu mandato, em 2014, o ex-Chefe de Estado foi mais cauteloso. “A Ucrânia dessa altura não é a Ucrânia de que estamos a falar hoje”, lembrou. “Há uma razão pela qual não houve uma invasão armada da Crimeia. A Crimeia tinha muitos falantes de russo e aceitava-se a ideia de que a Rússia estava a representar os seus interesses.”