O cartaz tem o dramatismo com que David Bruno tem habituado o público: “O último concerto”. É o que se lê no anúncio do espetáculo do cantor no Coliseu do Porto, a 7 de setembro, o último antes de o autor de discos como O Último Tango em Mafamude (2018) ou Miramar Confidencial (2019) encostar as chuteiras — ou, antes, o fato de treino.

“Vou desligar-me deste projeto David Bruno, fazer uma pausa, para dar hipótese aos outros artistas”, conta ao Observador por telefone, horas antes de um concerto no Porto no âmbito das Festas de São João. “Comecei há cinco anos num shopping abandonado em Gaia. Entretanto toquei em sítios que nunca imaginei chegar. Fui ao Primavera [Sound], fui aos festivais todos, festivais onde nunca imaginei ir. Foram muito anos”, recorda. “Acho que os artistas não podem saturar as pessoas, têm de fazer de vez em quando uns períodos sabáticos”, explica o artista, olheiro da portugalidade, que coloriu a cena musical portuguesa e pôs Vila Nova de Gaia no mapa da cultura pop com obras como Raiashopping (2020) ou a áudio novela em formato de disco Sangue & Mármore (2022).

Para “terminar em grande”, guardou um concerto em nome próprio no Coliseu do Porto, “uma sala onde nunca sonhei tocar”, admite. Os bilhetes para o espetáculo, com “convidados especiais”, são colocados à venda esta segunda-feira. “Será o último concerto? Sim, até ver [risos]”, diz.

Depois disso, David Bruno, que também faz parte do Conjunto Corona e da dupla David & Miguel, continuará a reservar mesa para dois n’O Carpa, histórico snack-bar em Vila Nova de Gaia que elevou ao estatuto de mito, e “a fazer outros projetos e outras coisas, mas não este específico”. “Não vou desaparecer da vista das pessoas”, promete. Aliás, “só vou desaparecer da vida das pessoas quando realmente se fartarem de mim”.

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