Não são muitos os casos na Europa. Há o Barcelona, o Bayern, a Juventus, o Chelsea, pouco mais. Este ano, e pela primeira vez, um clube português, neste caso o Benfica, conseguiu não só quebrar o jejum de quatro anos sem ganhar o Campeonato no futebol masculino mas também garantir a conquista do tricampeonato feminino. Em simultâneo, na mesma época, nunca tinha acontecido. Ainda assim, e no plano desportivo, a época dos encarnados ficou marcada pelo sucesso nas modalidades de pavilhão, que conseguiram um ano como há muito não tinham. E o objetivo é elevar ainda mais a fasquia e fazer melhor em 2023/24.

Olhando para a temporada que chegou agora ao fim com o futsal, o conjunto da Luz conseguiu ganhar seis dos dez Campeonatos: revalidou o título de basquetebol masculino com um triunfo em quatro jogos frente ao Sporting, quebrou um jejum de sete anos sem ganhar no hóquei em patins masculino fazendo também a festa no jogo 4 no Pavilhão João Rocha, garantiu o decacampeonato no hóquei em patins feminino após vencer o Turquel na “negra” em casa, sagrou-se pela primeira vez tetracampeão de voleibol masculino, conquistou o hexacampeonato no futsal feminino e foi ainda bicampeão em andebol feminino. Ou seja, não ganhou no futsal masculino (novo desaire frente ao Sporting em quatro jogos), no basquetebol feminino (derrota na “negra” com o GDESSA), no andebol masculino (terminou de novo no terceiro lugar) e no voleibol feminino (falhou o apuramento para as meias-finais). Agora, o objetivo é fazer “dez em dez”.

A 24.ª vez, a primeira desde 2016, o triunfo em quatro jogos: Benfica volta a vencer Sporting e é campeão de hóquei em patins

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“Temos muita esperança na próxima época desportiva. No masculino, queremos continuar a ganhar no voleibol, no hóquei em patins e no basquetebol, e tentar um quarto Campeonato. No futsal estamos mais perto do Sporting. No feminino, a nossa expectativa é ganhar quatro campeonatos e tentar o quinto no voleibol. Em masculino, tentar ganhar quatro mas se possível cinco. O andebol vai precisar de mais tempo mas não atiramos a toalha ao chão. Vamos lutar por ganhar dez em dez. Esse será o espírito de todas as equipas, de todos os atletas e de todos os treinadores”, destacou Fernando Tavares, vice-presidente do Benfica com o pelouro das modalidades e do futebol feminino, em entrevista ao canal do clube.

Mais uma goleada, mais história na modalidade: Benfica sagra-se decacampeão de hóquei em patins feminino

Em paralelo, o responsável abordou também as ambições europeias por modalidade, destacando a diferença de metas que já existia na última temporada e que se vai manter. “Existem patamares distintos. Temos o do futsal e do hóquei em patins, em que o investimento é suficiente para lutar por títulos a nível nacional e europeu. No basquetebol, no voleibol e no andebol são realidades diferentes. Mas, mesmo aí, demos um salto grande. No basquetebol através da entrada na Liga dos Campeões, no voleibol através da Champions. No andebol estamos a renovar a equipa mas não nos podemos esquecer que estamos a fazê-lo em cima, quiçá, do maior feito da história das modalidades, que foi a vitória na Taça EHF. Palco europeu? A resposta é ‘sim’. Sabemos que vai ser mais difícil no basquetebol, no voleibol e no andebol, porque há investimentos enormíssimos, mas a nossa aposta continua também pela afirmação europeia”, frisou.

Quatro jogos, três vitórias, xeque-mate: Benfica volta a vencer Sporting e sagra-se bicampeão nacional de basquetebol

Por fim, Fernando Tavares, um dos elementos que transitou do elenco de Luís Filipe Vieira para o de Rui Costa após uma primeira passagem pela Luz quebrada por divergências com o antigo líder dos encarnados, voltou a apelar à aposta de mais clubes no futebol feminino, numa fase em que não só o Benfica leva três Campeonatos consecutivos como soma duas presenças seguidas na fase de grupos da Champions.

“São cinco anos de trabalho, de orgulho e de desenvolvimento da jogadora portuguesa. Conquistámos dez troféus desde o início do projeto e isso é fruto de um trabalho fantástico desenvolvido por treinadores, atletas e staff. Foi, também, um ano marcado por saídas importantes, como as da Ana Vitória [a caminho do PSG] e da Cloé Lacasse [Arsenal]. Vão deixar imensa saudade mas isso faz parte da vida”, começou por dizer.

19 vitórias em 20 jogos, 92 golos marcados, só cinco sofridos: Benfica vence em Gaia e sagra-se tricampeão nacional de futebol feminino

“Temos feito uma corrida solitária. Não podemos desprezar o trabalho de todos os clubes, que fazem um trabalho extraordinário com os meios que têm ao seu alcance, e o esforço da Federação Portuguesa de Futebol. Mas este ainda é insuficiente. O contexto competitivo nacional tem de mudar porque, se isso não acontecer, é difícil reter ou recrutar jogadoras como a Ana Vitória ou a Cloé Lacasse. Queremos o reconhecimento do trabalho e que outros nos possam acompanhar pelo exemplo. O país desportivo tem receio de dar mérito ao Benfica, mas, a nós, agrada-nos o facto de termos mais equipas portuguesas a competir no espaço europeu por termos melhorado o ranking“, concluiu Fernando Tavares à BTV.