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Linhas, cores e o "fascínio pelo movimento": 100 obras da Tate chegam ao Museu Atkinson, em Gaia

Este artigo tem mais de 1 ano

“The Dynamic Eye: Beyond Optical and Kinetic Art” é a primeira exposição deste espaço. A exposição conta com 100 obras da coleção da Tate, de 63 artistas associados à arte ótica e cinética.

"Drought", de Kenneth Noland, é uma das obras que integram esta exposição
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"Drought", de Kenneth Noland, é uma das obras que integram esta exposição

Fotografia: Museu Atkinson

"Drought", de Kenneth Noland, é uma das obras que integram esta exposição

Fotografia: Museu Atkinson

De pinturas a esculturas, filmes e instalações, nos dois andares do Museu Atkinson, localizado no quarteirão cultural World Of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia, há por estes dias obras que convidam a ir além daquilo que se vê. A exposição “The Dynamic Eye: Beyond Optical and Kinetic Art” (em português “O Olho Dinâmico: Para lá da Arte Ótica e Cinética”) é inaugurada esta terça-feira e conta com mais de 100 obras de 63 artistas que integram a coleção da Tate. 

“São obras que partilham o fascínio pelo movimento. Esta é uma exposição muito dinâmica, que precisa do espectador para que a arte se realize ou para que faça o seu efeito desejado”, explica Andreia Esteves, gestora de projetos do novo Museu Atkinson. Esta é a mostra com o maior número de obras a viajar da Tate para Portugal e a primeira exposição realizada no renovado Museu Atkinson.

A exposição, com curadoria de Valentina Ravaglia, esteve no Museu de Arte de Pudong, em Xangai, e chega agora a Gaia para revisitar a ascensão da arte ótica e cinética, dois movimentos artísticos paralelos que ganharam força durante as décadas de 1950 e 1960. Uma altura em que, explica Andreia Esteves, a ideia de “arte para ser tocada e partilhada” era disruptiva.

Os artistas associados à arte ótica e cinética veem o visitante não como um espectador passivo, mas como um participante ativo, envolvendo-se com a arte no tempo e no espaço. Os artistas combinaram linhas simples, formas geométricas e cores atrativas para criar efeitos óticos e ilusões”, descreve o WOW.

Victor Vasarely, Julio le Parc, Alexander Calder, Frank Stella, Lygia Clark, Li Yuan Chia, Jesús Sotto são alguns dos nomes representados nesta mostra que reúne artistas oriundos de 21 países e que convida a ver (e experienciar) os efeitos da ótica e o do movimento, provocados por formas geométricas, linhas e cores vibrantes. “Mais do que seguir uma cronologia estrita, esta exposição reenquadra a arte ótica e cinética como tendências abraçadas por artistas em diferentes épocas, geografias e contextos culturais”, refere a curadora.

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"Sphere Bleue", de Julio le Parc

Fotografia: Museu Atkinson

A exposição começa logo na entrada do museu, com as linhas coloridas e “psicadélicas” do artista escocês Jim Lambie a ocuparem todo o pavimento. “Começamos com uma certa homenagem ao período da arte ótica e cinética por um artista mais contemporâneo, com um trabalho de 1999”, explica Valentina Ravaglia.

Subindo ao primeiro piso, estão instaladas obras “mais relacionadas com a arte cinética” e que “exigem movimento, máquinas e motores”, explica Andreia Esteves. A primeira sala deste piso é dedicada a obras de antecessores históricos que serviram de inspiração nesta arte, seguindo-se uma viagem pelas diversas perspetivas artísticas nos quatro cantos do mundo — desde a França à América do Sul e Grã-Bretanha.

"Space Displace Koan", de Liliane Lijn; e "Hanging Discs with Magnetic Points", de Li Yuan Chia

Fotografia: Museu Atkinson

Há também espaços dedicados a obras de artistas como o escultor Wen-Ying Tsai, que criou os seus trabalhos em respostas ao campo da cibernética. A obra “Escultura cibernética: Square Tops” permite a interação com os espectadores através de um controlo de feedback áudio: vai-se movendo de acordo com o som que recebe do público (como o som de palmas, por exemplo).

Já no segundo piso do Museu Atkinson estão instaladas obras mais relacionadas com a arte ótica, que recorre aos padrões geométricos e à cor para criar o efeito de ilusão de ótica. Na zona dedicada à perspetiva de Zagreb, por exemplo, estão obras da “Novas Tendências”, uma mostra realizada em 1961 pelo artista brasileiro Almir Mavignier e o crítico de arte Matko Mestrovic, com trabalhos “baseados em efeitos óticos, campos de cor, geometria e movimento”.

"Torsions" de Walter Leblanc e "Supernovae", de Victor Vasarely

Fotografia: Museu Atkinson

No fim da exposição, há ainda uma sala que convida o espectador a um jogo de luz e sombra: a “Light Room (Jena)”, de Otto Piene, uma das recentes aquisições da Tate Collection.

Esta é a primeira mostra do novo Museu Atkinson. Neil McConnon, diretor de parcerias internacionais da Tate, recorda a visita que fez ao Porto há dois anos e como viu potencial neste quarteirão cultural: “A Tate tem uma coleção muito grande de arte histórica, contemporânea, moderna e internacional e tivemos a ideia de uma exibição de arte ótica e cinética. Apresentamos essa ideia aos colegas daqui e consideraram que poderia ser a primeira exposição deste museu recentemente renovado”, acrescenta o responsável da Tate.

O objetivo, sublinha, é que a colaboração entre a Tate e o Museu Atkinson continue e não se fique apenas por esta exposição. “Espero e quero que seja uma colaboração a longo termo, talvez programar uma exibição por ano, durante vários anos”, refere ainda Neil McConnon.

A exposição “The Dynamic Eye: Beyond Optical and Kinetic Art” começa esta terça-feira e pode ser vista até ao dia 30 de setembro. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 aos 15 euros e as visitas podem ser realizadas todos os dias, de segunda a domingo, entre as 10h e as 18h.

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