Nas grandes empresas, especialmente as cotadas em bolsa, o mínimo problema pode resultar em avultados prejuízos e se, no caso da indústria automóvel, estes são normalmente provocados por avarias em série nos veículos produzidos, a realidade é que as polémicas envolvendo dirigentes também podem sair caras. E Frank Louis-Victor, o responsável pela Ford Next, a divisão de veículos autónomos da marca norte-americana, provou isso mesmo ao ver o seu comportamento “despistar-se” em casa.

Na passada semana, a polícia de Dearborn foi chamada à casa de Louis-Victor por suspeita de violência doméstica. Segundo o relatório das autoridades, divulgado pelo Detroit News, o CEO da Ford Next terá dado umas chapadas e umas cabeçadas à sua mulher, para depois, alegadamente, a agredir na cabeça com o Google Nest Hub, com que lhe terá feito um corte sob o olho.

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Mas talvez a ofensa mais grave tenha sido a ameaça de queimar duas malas de mão da Hermès com o queimador a butano que se usa no leite-creme e para brasear o tataki. Cada uma das malas está avaliada em 10.000 dólares, sensivelmente o mesmo em euros. Como a mulher protegeu os acessórios, o responsável da Ford terá ameaçado queimá-la, o que não chegou a acontecer. O mais curioso é que estas malas figuram entre as mais baratas da Hermès, cujos preços podem superar 300.000 dólares, segundo a Sotheby’s, caso se trate de uma Diamond Himalaya Birkin 30, com o recorde a pertencer ao Sac Bijou Birkin, da colecção Haute Bijouterie, avaliado em 2 milhões de dólares por ser revestido a ouro rosa, incrustado por 2712 pequenos diamantes.

A confusão na residência da família Louis-Victor terminou com a mulher a ser conduzida ao hospital e o CEO da Ford Next à esquadra, onde foi ouvido e de onde saiu sob caução de 2500$, o equivalente a ¼ do valor de apenas uma das malas. Mas o futuro de Frank Louis-Victor não parece risonho, uma vez que, caso seja condenado, poderá enfrentar uma pena de até quatro anos por agressão e mais cinco anos por ameaça com fogo.

A Ford Next, confrontada com a situação, afirmou através de uma porta-voz “não ser apropriado comentar assuntos privados de pessoas ligadas à empresa”. Isto não impediu as acções de verem o seu valor cair 2,5% nos dias seguintes ao incidente, restando ver o que acontece a 18 de Julho, quando o casal Soo e Frank se voltar a encontrar na sala do tribunal, para o julgamento deste último. E contra o CEO está igualmente o histórico recente da Ford, nas suas reacções contra condutas julgadas impróprias, polémicas ou criminosas, como aconteceu no passado com Raj Nair, à época o presidente da Ford na América do Norte, cuja reacção foi em sintonia com outras grandes empresas americanas, como aconteceu entre a Morgan Stanley e Harold Ford Jr.

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