Os agrupamentos de escolas do concelho de Almeirim, no distrito de Santarém, vão proibir o uso de telemóveis nas escolas do primeiro ciclo, do quinto ao nono ano. Os alunos do secundário terão também regras de utilização dos aparelhos eletrónicos, que deverão entrar em vigor a partir de setembro, confirmou à Rádio Observador o presidente da Câmara Municipal de Almeirim.

As recomendações de proibição e restrição de telemóveis foram aprovadas pela Associação de Pais dos agrupamentos e por “mais um conjunto de pessoas da unidade escolar”, revelou Pedro Ribeiro, presidente da Câmara de Almeirim. Os objetivos são “eliminar a utilização dos telefones sempre que eles não são necessários“.

Petição contra telemóveis na escola já soma mais de 6.500 assinaturas

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, haverá exceções para crianças com doenças, por exemplo diabetes, para quem “o telemóvel é importante para o seu dia a dia”, e também quando os professores entendem que é relevante no contexto escolar.

Escola de Lourosa proibiu telemóveis há seis anos — e os alunos não sentem falta deles. Petição online quer que seja assim em todo o país

Esta medida tem como objetivo combater a dependência aos telemóveis por parte dos estudantes, existindo já alunos com sintomas físicos dessa dependência. “Nós temos pessoas com sinais de dependência de telefones, e dependência física, com ansiedade, com irritabilidade, muitas vezes com manifestações de suores e ataques de pânico”, chegando mesmo a sair da sala de aula por se sentirem mal devido ao “uso excessivo”, acrescenta o autarca, para quem os “problemas de socialização”, fruto da utilização das tecnologias, são o problema menor.

Além disso, Pedro Ribeiro fala na pressão exercida, que apelida de “quase bullying”, sobre os jovens que não têm acesso a estas novas tecnologias.

De acordo com Pedro Raposeira, presidente da Associação de Pais, a decisão de retirar o telemóvel aos alunos do primeiro ciclo é também sustentada com bastantes estudos científicos ao QI, ao aumento da taxa de suicídio e ao aumento das pressões que a sociedade exerce nos jovens, apontando para uma assustadora realidade futura. Pedro Raposeira destaca ainda, à Rádio Observador, a importância de agir rapidamente, para que mais tarde não seja preciso “correr atrás do prejuízo”.

O presidente da Câmara de Almeirim concorda ao salientar que “nós teremos uma geração que, se nada for feito, com um QI mais baixo que a anterior, fruto da falta de estímulos que o uso dos telefones, tablets, etc acabam por criar”, afirmando também que “quando há dados científicos destas coisas, nós todos temos de tomar uma posição”.

Pedro Raposeira salientou que os alunos nunca ficarão incontactáveis, havendo diversas formas de contacto nas escolas em caso de emergência. Além disso, os alunos também poderão usar os seus aparelhos para “tudo aquilo que sejam trabalhos” escolares.

Telemóveis nas escolas: sim ou não?