O Center for Countering Digital Hate (CCDH), organização sem fins lucrativos cujo propósito passa por estudar e travar o discurso violento e desinformação online, concluiu que o discurso de ódio na atual X, anteriormente rede social Twitter, tinha aumentado desde que Elon Musk comprou a empresa. E a X Corp, empresa que detém a plataforma, não gostou.

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Alex Spiro, representante legal da X Corp e um dos principais advogados de Musk, escreveu uma carta ao CEO da CCDH, Imran Ahmed, acusando a organização — que tem vindo a fazer várias avaliações à rede social desde a compra de Musk — de publicar artigos com afirmações “inflamatórias, ultrajantes e falsas ou enganosas sobre o Twitter”, deixando umas quantas ameaças: além de referir a Lanham Act (lei norte-americana que protege as marcas registadas), deixa claro que o Twitter “utilizará quaisquer e todas as ferramentas legais à sua disposição para prevenir acusações falsas e enganadoras que prejudiquem utilizadores, a plataforma ou o negócio”, cita o inglês The Guardian.

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Spiro, advogado da Quinn Emanuel Urquhart and Sullivan, descreve ainda uma série de acusações “perturbadoras e sem fundamento” por parte da organização, tudo ações que fazem parte de um plano alegadamente “calculado” para “magoar o Twitter em geral, e o negócio de publicidade digital, em particular” — a receita publicitária do Twitter caiu em 50% desde a aquisição, com os anunciantes a recearem do impacto da liderança de Musk e da nova política de moderação de conteúdo.

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A carta, descrita como “ridícula” pela representante legal da CCDH, é uma tentativa para “intimidar aqueles que têm a coragem para lutar contra o incitamento ao discurso de ódio e conteúdo nocivo online.

A propósito de um dos relatórios da CCDH, em que esta concluiu que o Twitter falhou em agir em 99% das mensagens de ódio partilhadas pelos assinantes Twitter Blue, o advogado acusa a CCDH de não fornecer a metodologia utilizada, descrevendo o estudo com superficial e financiado por entidades governamentais e concorrentes à X Corp.

A CCDH negou o financiamento e descreveu a ameaça da X Corp como uma tentativa de silenciamento das críticas e do escrutínio. “Obviamente, esta conduta dificilmente poderia ser mais inconsistente com o compromisso com a liberdade de expressão supostamente mantido pela atual liderança do Twitter”, declarou Roberta Kaplan, advogada da Kaplan Hecker and Finck. A mesma sociedade indica que a Lei Lanham não poderia ser aplicada neste contexto.