Depois de pedir ajuda internacional devido à deflagração de um violento incêndio a bordo a 25 de Julho, ao largo da costa neerlandesa, fogo que os sistemas anti-incêndio do navio não conseguiram debelar, o “Fremantle Highway” foi declarado numa situação de alto risco, podendo afundar a todo o momento. Isto exporia aquela costa do Mar do Norte a uma potencial catástrofe ecológica, uma vez que além dos 3783 veículos que transportava a bordo, 498 dos quais eram eléctricos a bateria (e não apenas 25, como foi inicialmente avançado), o navio transportava 1600 toneladas de heavy fuel, o seu combustível principal, mais barato mas altamente poluente, além de 200 toneladas de diesel marítimo, mais próximo do gasóleo e que o navio utiliza apenas na fase de arranque e para sair e entrar nos portos, por emitir menos fumo e poluição.

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Após vários dias de luta para conter o incêndio, o navio foi finalmente puxado por dois rebocadores durante os 64 km que o separavam do porto de Eemshaven, nos Países Baixos, sempre seguido de um terceiro navio especializado em recolher fugas de combustível para o mar. O aspecto do navio à chegada ao porto neerlandês espelhava a dureza do combate às chamas que se viveram nos últimos dias, de que resultou a morte de um dos 22 tripulantes e que obrigou os restantes a saltar para a água de uma altura superior a 30 metros, o equivalente a um prédio de 10 andares.

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O “Fremantle Highway”, um navio Ro-Ro (de roll-on/roll-off, para apressar a carga e descarga de veículos, que assim entram e saem a rodar) com bandeira panamiana, expôs as fragilidades associadas à tecnologia dos automóveis eléctricos a bateria. A embarcação propriedade dos japoneses da Shoei Kisen Kaisha, com 199 metros de bitola e um deslocamento de 65 mil toneladas, com capacidade para alojar nos seus 11 decks até 6200 veículos, chamou mais uma vez a atenção para a possibilidade de as baterias se incendiarem por defeito de construção ou erro de montagem, provocando chamas extremamente violentas e quase impossíveis de controlar na esmagadora maioria das situações.

De acordo com a Bloomberg, que cita o operador, a bordo do “Fremantle Highway” seguiam rumo ao Egipto várias centenas de veículos da BMW e da Mercedes, que acabaram por ser as marcas mais prejudicadas. O incêndio vai agora ser investigado pelas autoridades dos Países Baixos, sendo que as primeiras comunicações da tripulação às autoridades, durante o pedido de ajuda, especificaram que o incêndio deflagrou num carro eléctrico, em concreto na respectiva bateria, que terá explodido, com o fogo a propagar-se rapidamente aos carros vizinhos, uma vez que estes cargueiros Ro-Ro são como um imenso parque de estacionamento com vários andares, em que os carros estão quase encostados pára-choques com pára-choques e mal há espaço para abrir as portas.

Sabe-se ainda que a violência do incêndio foi de tal forma brutal, à semelhança das temperaturas atingidas, que se o veículo eléctrico que originou o fogo estava num dos decks superiores, apenas os quatro andares mais baixos não apresentaram danos consideráveis. Nos restantes decks, as placas de aço que os suportavam ficaram fragilizadas pelo calor e cederam, pelo que alguns acabaram por colapsar por completo.