Se fosse pelos números, pela estatística ou pela história, uma final da Supertaça entre FC Porto e Benfica em Aveiro teria pouca ou nenhuma emoção. Vejamos: em sete decisões no Municipal da cidade que também acolheu o Euro-2004, os dragões tinham ganho sempre; em 12 confrontos diretos na competição, os azuis e brancos tinham levado a melhor 11 vezes; nos últimos oito encontros entre ambos, o triunfo tinha caído sempre para os portistas; nos derradeiros sete clássicos na Supertaça, os encarnados não tinham sequer marcado um golo. Se dúvidas ainda existissem, o FC Porto não perdia há dez jogos com o Benfica em duelos nesta competição. Esta quarta-feira, tudo mudou. E até Rui Costa entra duplamente na história.

O canto Angélico da sereia só esperava uma Musa (a crónica da final da Supertaça entre Benfica e FC Porto)

Depois do triunfo em 1985, quando a Supertaça era ainda jogada a duas mãos e Diamantino Miranda decidiu o primeiro jogo na Luz antes do nulo nas Antas com a equipa orientada por John Mortimore onde estavam Bento, Nené, Manniche, Shéu, Álvaro Magalhães ou Wando, entre outros, o Benfica tinha ganho pela última vez ao FC Porto na competição em 1993, numa vitória pela margem mínima que levou tudo para terceiro jogo de desempate ganho nas grandes penalidades pelos dragões. Rui Costa era um dos principais elementos dessa formação dirigida por Toni que tinha ainda Rui Águas, João Vieira Pinto, Mozer, Vítor Paneira, Yuran ou Veloso, entre outros. No ano seguinte saiu, jogou na Fiorentina e no AC Milan, voltou à Luz para duas épocas como jogador, ficou na estrutura e na SAD. 38 anos depois festejou como presidente.

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Após quebrar esse longo jejum de 11 encontros sem vitórias com os dragões na Supertaça, o Benfica ganhou com dois golos na segunda parte de Ángel Di María e Petar Musa e ganhou a prova quatro anos depois da goleada ao Sporting por 5-0 quando Bruno Lage era treinador. Com isso, os encarnados chegaram aos nove troféus na competição (bem assinalados nas camisolas comemorativas que foram entregues a todos os jogadores ainda no relvado após o apito final), igualando o registo dos leões ainda longe do recorde de 23 do FC Porto, que perdeu apenas a décima decisão das 33 em que esteve desde 1979 (derrota com o Boavista).

Quase 20 anos depois, Roger Schmidt sucedeu a Ronald Koeman como treinador estrangeiro a ganhar a Supertaça (o neerlandês tinha alcançado a vitória em 2005 também pelos encarnados), tornando-se o quinto a conseguir pelo Benfica depois de Lajos Baroti, John Mortimore, Sven-Goran Eriksson e Koeman, e 11.º no total de todas as equipas vencedoras. Agora, o alemão tem mais um desafio pela frente. Nos oito triunfos anteriores na Supertaça, apenas por três vezes as águias conseguiram nessa época conquistar o Campeonato: Lajos Baroti, na temporada de 1980/81; Jorge Jesus, em 2014/15; e Rui Vitória, em 2016/17.