O Conselho de Segurança da ONU agendou para quarta-feira uma reunião de emergência, a pedido da Arménia, sobre a “crise e deterioração da situação humanitária” em Nagorno-Karabakh, enclave arménio bloqueado pelo Azerbaijão há oito meses.

A missão dos Estados Unidos – país que atualmente detém a liderança rotativa do Conselho de Segurança – junto da ONU disse na segunda-feira que a reunião aberta de emergência ocorrerá na tarde de quarta-feira.

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No sábado, numa carta dirigida ao Conselho de Segurança, o representante permanente da Arménia junto das Nações Unidas, Mher Margaryan, tinha pedido a marcação da reunião.

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No documento, Margaryan alertava para uma “grave escassez” de alimentos, medicamentos e combustível em Nagorno-Karabakh, região com cerca de 120 mil pessoas, a maioria dos quais arménios.

O corredor de Latine, a única ligação terrestre entre a Arménia e o enclave, está bloqueado desde dezembro, primeiro por alegados manifestantes ambientalistas azeris e depois pelas autoridades do Azerbaijão, que justificaram a decisão com razões de segurança.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão acusou a Arménia de violar a sua integridade territorial e soberania e de enviar armamento para Nagorno-Karabakh, enclave disputado há décadas entre Baku e Erevan.

Na carta enviada ao Conselho de Segurança, Mher Margaryan alertou para as consequências dos cortes no fornecimento de eletricidade e gás na região.

Esta situação conduziu a um aumento da mortalidade devido a um certo número de doenças“, nomeadamente para os habitantes que sofrem de diabetes e de doenças cardiovasculares, referiu.

Segundo o alto representante da Arménia, “a população de Nagorno-Karabakh está agora à beira de uma verdadeira catástrofe humanitária“.

Margaryan acusou ainda o Azerbaijão de “criar deliberadamente condições de vida insuportáveis para a população” do enclave, o que considerou ser um “ato de atrocidade em massa” destinado a obrigar os habitantes a abandonar as casas.

Na semana passada, um antigo procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI) disse que o Azerbaijão está a preparar o genocídio dos arménios em Nagorno-Karabakh e pediu que o Conselho de Segurança leve o assunto ao TPI.

Num relatório solicitado por um grupo de arménios, incluindo o Presidente do país, Vahagn Khachaturyan, Luis Moreno Ocampo disse que, em resultado do bloqueio, “há uma base razoável para acreditar que está a ser cometido um genocídio“.

Os dois países do Cáucaso disputam o território de Nagorno-Karabakh desde o final dos anos 80, tendo já havido duas guerras, a última das quais, em 2020, que terminou com a derrota das forças arménias e importantes ganhos territoriais para o Azerbaijão.

Este território montanhoso é predominantemente habitado por arménios, mas é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão.