Maria de Fátima, mãe de Joana, a terceira vítima mortal de Francisco Leitão, o Rei Ghob de Carqueja, interpôs uma ação contra o Estado português, a exigir o pagamento de indemnização compensatória pela morte da filha, desaparecida no dia 3 de março de 2010.

A notícia está a ser avançada este domingo pelo Correio da Manhã, que explica que apesar de ter remetido o pedido à Comissão de Proteção às Vítimas de Crimes, o organismo na tutela do Ministério da Justiça que assegura o pagamento de indemnizações às vítimas e familiares de crimes violentos por parte do Estado — “quando a mesma não possa ser suportada pelo indivíduo que praticou o crime e desde que o prejuízo tenha causado uma perturbação considerável do nível e qualidade de vida da vítima”, pode ler-se no site —, a mãe da jovem não viu a sua pretensão atendida.

Àquele jornal, Maria de Fátima, contou que a justificação que lhe foi dada para o indeferimento do pedido, foi o facto de não depender financeiramente da filha, que tinha apenas 16 anos quando desapareceu de casa, em Sobreiro Curvo, lugar na freguesia de À-dos-Cunhados, em Torres Vedras, a pouco mais de 20 quilómetros de Carqueja, na Lourinhã.

“Claro que não dependíamos, até porque ela era menor. Mas se o objetivo é proteger as vítimas de crimes violentos, o que é que nós somos?”, questionou, para depois revelar que, desde que a filha foi dada como morta, passou a ter de receber acompanhamento psicológico. “Vivo um dia de cada vez. Só assim é que é possível.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os corpos dos três jovens assassinados por Francisco Leitão — Joana, Tânia e Ivo — nunca foram encontrados, mas o homem, agora com 54 anos, foi condenado em 2012 a 25 anos de prisão pelos homicídios, a que foram acrescentados, em 2017, outros 17 anos, por crimes de violação.

Recorda o CM, logo em 2012, a juntar à pena de prisão efetiva, o tribunal condenou Francisco Leitão ao pagamento de 300 mil euros de indemnização que nunca terão sido pagos, alegadamente pela inexistência de bens ou liquidez.

De acordo com o jornal, a casa onde morava e onde os crimes foram cometidos, uma excêntrica moradia em forma de castelo, com gnomos de jardim a guardar a porta de entrada, estaria em nome da mãe, tendo passado, depois de ela morrer, na totalidade para a sua irmã.

Rei Ghob: sucateiro, bruxo e assassino. A história dos crimes do castelo dos gnomos