Protestos de elementos do PAN contra uma tourada em Baião geraram nesta quarta-feira momentos de tensão, com troca de apupos entre apoiantes e críticos da tauromaquia, que só não se tornaram mais violentos graças à GNR.

Faltava cerca de uma hora para o início de uma tourada, marcada para as 17h00, numa praça improvisada nos arredores da vila de Baião, no distrito do Porto, quando cerca de uma dezena de ativistas do Pessoas – Animais- Natureza — PAN, alguns com cartazes, megafones e sirenes, começaram a gritar palavras de ordem contra as touradas, voltados para centenas de pessoas que aguardavam a entrada no recinto taurino.

Na maior tarja, com a imagem de um touro, lia-se: “Nas tradições mexe-se. Chama-se evolução. Abolição das touradas já“. Do outro lado da estrada, os aficionados, a maioria homens, respondiam com apupos e assobios, em confronto com os manifestantes, enquanto os militares da GNR procuravam manter ambos os grupos afastados, com alguns empurrões pelo meio.

No local, Cristina Santos, dirigente do PAN, disse à Lusa saber que a tourada em Baião é um espetáculo legal, mas considerou tratar-se de “uma atividade completamente anacrónica, que nem sequer tem tradição no Norte, principalmente em Baião”.

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“Aqui não há uma estrutura que seja própria para estes acontecimentos. Eles têm de construir estruturas precárias, que são amovíveis. O PAN gostaria que essas estruturas não fossem permitidas, porque são precárias. Como se pode ver, é uma atividade tão anacrónica que neste momento já não há estruturas para as pôr”, afirmou.

A dirigente prosseguiu: “Esta manifestação é pacífica, mas nós pretendemos mostrar que na maior parte dos concelhos do país e até no mundo já aboliram as touradas. Portugal tem de fazer esse caminho, porque há maneiras muitos melhores de as pessoas se divertirem, que não impliquem tortura de um animal, um ato que torna as crianças violentas”.

Sob um calor próximo dos 40 graus, o clima de tensão prolongou-se por mais de uma hora, que ia subindo quando passavam ou eram avistados elementos ligados ao espetáculo taurino, como forcados e cavaleiros.

Nuno Gomes, residente em Baião, estava incomodado com os protestos protagonizados pelos ativistas do PAN. “Eles sabem que a tourada é cultura e enquanto for cultura tem de ser defendida. Se não gostam, que não venham, isto é um espetáculo pago e só vem quer”, acentuou, apoiado por pessoas que o acompanhavam.

Já Carla Fernandes, da organização local da tourada, disse à Lusa que “eles [manifestantes do PAN] podem defender as suas ideias, mas sem ofender os outros”.

“E eles não o fazem”, rematou, lamentando, por outro lado, as dificuldades que a organização sentiu, nomeadamente por parte da Câmara municipal e outras entidades, para organizar uma tourada que disse ter décadas de tradição no concelho. “Só ontem às cinco da tarde é que nos passaram as licenças”, exclamou.

Sobre se, face à contestação, haverá condições para repetir a tourada no próximo ano, respondeu: “Não sei se temos coragem para continuar. O tempo dirá“.

A praça de touros quase encheu para o espetáculo, chegando a cerca de 900 espetadores, segundo a responsável.