Se a canoagem não deixou de fazer soar os alarmes (a par de várias outras federações) depois do anúncio de cortes feito pela Santa Casa da Misericórdia, numa situação que entretanto parece estar resolvida com uma reunião promovida pelo governo, também a paracanoagem mostrou sinais de preocupação em relação ao futuro. “Ter dinheiro para a próxima época [até Paris-2024] é tapar buracos, não uma perspetiva de futuro de desenvolvimento da modalidade a longo prazo. Se há problemas para financiar as bases, a médio e a longo prazo prevejo que não possamos continuar com os resultados e estas alegrias que temos trazido para Portugal. Quando falamos da necessidade de captar jovens atletas e talentos, se não houver esse apoio, isso vai trazer problemas e atrasar, ou impossibilitar, que jovens venham a substituir estes atletas de topo como o Norberto Mourão, Alex Santos ou Floriano Jesus”, destacou o técnico Ivo Quendera à Lusa.

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Essa é a principal preocupação nesta fase da paracanoagem nacional: garantir que novos talentos possam começar a aparecer em maior número para dar prolongamento às conquistas recentes da modalidades até no plano internacional. E entre os atletas que conseguiram essa projeção, Norberto Mourão era o exemplo paradigmático de sucesso, sendo quase um relógio suíço na hora de lutar por medalhas em grandes provas.

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Mais uma prova internacional, mais uma medalha: Norberto Mourão ganha medalha de bronze em VL2 nos Europeus

Só de 2019 para cá, e sem contar com todos os pódios alcançados em Taças do Mundo, o atleta que compete em VL2 200 conseguiu um total de sete medalhas nas principais provas internacionais: ganhou um inédito bronze nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020; somou três pódios em Mundiais, entre a prata em 2019 e os bronzes em 2021 e 2022; e averbou mais três medalhas em Europeus, com o ouro em 2021 e os bronzes em 2019 e 2022. Agora, seguia-se outro desafio após garantir a passagem à final A nos Mundiais de Duisburgo com uma segunda posição na segunda meia-final apenas atrás do húngaro Robert Suba.

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Norberto Mourão, de 42 anos, jogava em dois “tabuleiros” saindo da pista 2. Por um lado, uma entrada nos seis primeiros da final A valeria a qualificação para os Jogos Paralímpicos de Paris-2024; por outro, uma medalha mantinha o atual percurso no pódio das grandes provas internacionais, sendo que teve de passar por uma meia-final como já não acontecia desde 2019. Esse esforço extra teve o seu impacto mas nem por isso o principal objetivo deixou de ser alcançado: o português acabou a final na quinta posição, conseguindo assim assegurar um dos lugares para Paris depois do bronze conseguido em Tóquio-2020.

Fernando Rufino de Paulo, brasileiro que se sagrou campeão olímpico no Japão, ganhou a prova com 50,344, à frente do compatriota e campeão mundial Igor Alex Tofalini (51,229). Seguiram-se o norte-americano Steven Haxton (52,089) e o húngaro Robert Suba (52,848), com Norberto Mourão a terminar com 53,143 após um final de prova menos conseguido à frente do espanhol Higinio Rivero (54,137) e do ucraniano Andrii Kryvchun (54,246). De recordar que Portugal já tinha conseguido uma outra vaga nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, neste caso no KL1, com Alex Santos e Floriano Jesus a chegarem à final A.