Três meses depois de ter chegado a São Tomé e Príncipe, o navio português Centauro cumpriu 170 horas de navegação, esteve envolvido numa ação de busca e salvamento e prepara-se para integrar militares são-tomenses a bordo.

Esta lancha de fiscalização rápida chegou a São Tomé e Príncipe em 7 de maio, tendo rendido o NRP Zaire, que regressou a Lisboa após cinco anos de missão naquele país.

O objetivo desta força nacional destacada, que engloba o NRP Centauro e 13 militares portugueses (todos do sexo masculino), é “apoiar e capacitar a Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe na fiscalização dos espaços marítimos” sob sua jurisdição, visto que um dos perigos na região do Golfo da Guiné é a pirataria marítima.

Em declarações à Lusa a bordo do navio, fundeado no porto de São Tomé, o comandante do NRP Centauro, Luís Rodrigues, indicou que, até agora, esta lancha efetuou “170 horas de navegação e cerca de 1.500 milhas”, uma ação de busca e salvamento e duas de apoio logístico, com deslocações à Região Autónoma do Príncipe.

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Até ao momento, não houve a necessidade de sermos empenhados em nenhuma ação e combate à pirataria ou outro tipo”, mas os militares portugueses “estão preparados para esse tipo de ações”, salientou o segundo-tenente.

Quanto à missão de busca de salvamento, tratou-se de um pescador que ficou sem combustível e não conseguiu regressar a terra.

Estivemos três dias em buscas, infelizmente não o conseguimos encontrar. Mas, felizmente, ele apareceu mais tarde em águas nigerianas, tendo sido salvo e tendo voltado para o seu país de origem”, detalhou.

De acordo com o comandante, os militares do Centauro saem “todas as semanas para o mar” para treinar e deslocam-se à ilha do Príncipe mensalmente.

O navio faz também “navegações periódicas para treino da guarnição e para formação e treino, através de exercícios, aos militares são-tomenses”.

Para o futuro, está a ser planeada a “integração de militares são-tomenses a bordo do Centauro, com o objetivo de formar uma guarnição mista em que o navio será operado” por militares dos dois países, adiantou Luís Rodrigues.

Esta integração é uma formação específica para o desenvolvimento das funções aqui a bordo, e tem como objetivo capacitar esses militares e treiná-los, de modo que no futuro consigam operar meios navais com maiores capacidades dos que atualmente têm, garantindo a segurança na navegação no território marítimo de São Tomé”, explicou o comandante.

Em terra, os militares portugueses dão treino e formação à Guarda Costeira são-tomense e prestam “aconselhamento em diversas áreas, segurança na navegação, manutenção das embarcações e motores fora de borda, na área da abordagem a embarcações e na área das comunicações”.

Temos também um militar do pelotão de abordagem português, do corpo de fuzileiros, a dar formação teórico-prática no centro de instrução militar de São Tomé e Príncipe à equipa de abordagem e segurança”, afirmou o responsável.

Num balanço dos cerca de três meses de missão desta força nacional destacada, o segundo-tenente destacou a “troca de experiências” e indicou que “o feedback é positivo de ambos os lados”.

É sempre vantajosa esta cooperação, que é única e especial em matéria de cooperação entre dois países lusófonos, contribuindo para a segurança da navegação nos espaços marítimos de São Tomé e para a segurança em geral do Golfo da Guiné”, defendeu.

Os militares portugueses interagem e treinam também com militares de outras marinhas estrangeiras que se encontrem naquela região, como é o caso da fragata brasileira Liberal.

Esta missão “não tem, para já, data de fim”, pelo que o navio permanecerá em São Tomé e Príncipe, podendo os militares ser substituídos quando terminar a sua comissão, habitualmente de seis em seis meses.

O NRP Centauro, cujo armamento foi reforçado para este tipo de missão (uma peça OERLIKON 20mm, duas metralhadoras Browning 12,7mm e duas metralhadoras MG3 7,62mm), chega à velocidade máxima de 26 nós e pode navegar consecutivamente durante cinco dias.

Em julho, o Centauro cruzou a linha do Equador, tornando-se na primeira lancha de fiscalização da Marinha a fazê-lo.

O NRP Centauro (construído em 2000) substituiu o navio patrulha Zaire, que também foi operado por uma guarnição mista de 23 militares portugueses e 14 são-tomenses.

Durante os mais de cinco anos de missão em São Tomé e Príncipe para reforçar a fiscalização do mar são-tomense e do Golfo da Guiné, esta embarcação percorreu mais de 37 mil milhas, realizou 19 ações de busca e salvamento, 31 ações de fiscalização conjunta, 13 ações de segurança marítima no âmbito da pirataria, oito vistorias a navios no mar e também participou em diversos exercícios internacionais, detalhou na altura a Marinha.

O chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, esteve em julho na capital são-tomense para oficializar o fim da missão do NRP Zaire. Na altura, afirmou que este navio seria substituído por outro “mais rápido, com mais capacidade de agir mais rapidamente às emergências”.