Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, vai deslocar-se à Rússia durante o mês de setembro, para se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin, avança o New York Times. Em cima da mesa vai estar o apoio norte-coreano ao esforço de guerra russo na Ucrânia, nomeadamente o fornecimento de armas e a cooperação militar entre os dois países.

Entre o armamento fornecido pela Coreia do Norte à Rússia deverão estar peças de artilharia e mísseis antitanque. Em troca, Pyongyang espera receber de Moscovo tecnologia avançada para satélites e para submarinos movidos a energia nuclear, além de ajuda alimentar, segundo informação recolhidas pelo jornal norte-americano junto de autoridades não identificadas. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, terá mesmo viajado para a Coreia do Norte, em julho, de modo a convencer Pyongyang a vender armas à Rússia. Foi durante esta visita que a intensificação da cooperação militar entre os dois países terá começado a ganhar forma.

Numa rara deslocação ao estrangeiro, Kim Jong-un deve viajar de comboio entre Pyongyang e Vladivostok, cidade russa de 600 mil habitantes onde deverá decorrer o encontro e que fica próxima da fronteira norte-coreana, a cerca de 700 quilómetros da capital. O líder norte-coreano vai viajar num comboio blindado, composto por 90 carruagens, que não ultrapassa os 60 km/hora, mas que tem um conjunto de comodidades, como televisões, salas de conferências e quartos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Kim Jong-un prefere, quase sempre, o comboio para se deslocar até outros países. Em 2019, viajou na mesma composição, que já pertenceu ao seu pai, Kim Jong-il, até Hanói, a capital do Vietame, onde se encontrou com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os 4500 quilómetros que separam Hanói de Pyongyang foram percorridos em 60 horas, segundo o Strait Times — ou seja, mais de dois dias. Esta não é a primeira vez que o atual líder norte-coreano viaja para a Rússia de comboio: o mesmo aconteceu em 2019, quando se deslocou também a Vladivostok, numa viagem que demora cerca de 15 horas.

Já Putin deverá deslocar-se para o extremo oriente de avião, numa viagem que demora cerca de 11 horas. Vladivostok é uma cidade costeira do Pacífico, a mais de nove mil quilómetros de Moscovo, disputada pelo Japão há algumas décadas. Em abril de 1918, soldados nipónicos desembarcaram na cidade, após o assassinato de dois japoneses em Vladivostok no dia anterior. Não encontrando resistência, rapidamente assumiram o controle do porto e do centro da cidade. Tóquio queria tornar o extremo oriente russo num protetorado japonês mas o domínio sobre a cidade e a região durou pouco mais de quatro anos. Em outubro de 1922, os japoneses deixaram a República do Extremo Oriente, que passou a fazer parte da União Soviética.

Os dois líderes devem encontrar-se na Universidade Federal do Extremo Oriente, onde vai decorrer o Fórum Económico Oriental, entre 10 e 13 de setembro. Trata-se de um evento anual, promovido pela Rússia e que tem como objetivo expandir a cooperação internacional na região da Ásia-Pacífico. Entretanto, uma delegação norte-coreana com cerca de 20 pessoas viajou para a Rússia, onde ficou durante 10 dias, com o objetivo de planear a visita de Kim Jong-un.

Já esta segunda-feira, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, avançou que está a ser considerada a possibilidade de eventuais exercícios militares conjuntos entre a Rússia e a Coreia do Norte. Isto depois de, na quarta-feira da semana passada, os Estados Unidos terem alertado para um possível acordo entre os dois países com vista ao fornecimento de armas a Moscovo.