As Comissões de Trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa revelaram nesta sexta-feira que a paragem de produção na fábrica da Volkswagen em Palmela já levou ao despedimento de 291 trabalhadores, mas o sindicato SITE-Sul diz que já são 560 despedimentos.
Segundo o coordenador das Comissões de Trabalhadores (CT) do parque industrial, Daniel Bernardino, as empresas do parque já confirmaram o despedimento de 191 trabalhadores precários, que se juntam aos 100 trabalhadores que a Autoeuropa também dispensou, embora estes últimos com a garantia de regressarem logo que seja retomada a produção.
De acordo com os dados disponíveis na Coordenadora das CT , além dos 100 trabalhadores precários dispensados pela Autoeuropa, também há despedimento de trabalhadores temporários ou contratados a termo nas empresas Benteler (40), Faurecia (3), KWD (28), Palmetal (20), SAS (40), Simoldes (20) e VANPRO (40), o que perfaz, assim, um total de 291 despedimentos.
A Coordenadora das CT do parque industrial admite também que o número de despedimentos de trabalhadores precários poderá aumentar de forma significativa uma vez que ainda não há dados disponíveis por parte de empresas como a Rangel, Isporeco, Nova Coat e Schnellecke, bem como de outras de menor dimensão.
Em comunicado hoje divulgado, o SITE-Sul, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, garante, no entanto, que já perderam o emprego 560 trabalhadores do parque industrial e que muitos deles vão ficar sem qualquer rendimento mensal.
“Do levantamento que o SITE-Sul fez até ao momento, 560 trabalhadores já perderam o seu emprego e a grande maioria deles nem ao subsídio desemprego têm direito, ficando sem qualquer rendimento mensal”, refere o comunicado desta estrutura sindical, adiantando que “muitos mais trabalhadores vão perder o emprego até ao início da próxima semana, uma vez que ainda há empresas que estão a negociar com os representantes dos trabalhadores”.
No comunicado o SITE-Sul critica também a alegada “intransigência das administrações da Volkswagen Autoeuropa e de algumas empresas fornecedoras”, por não garantirem o pagamento de salários na totalidade durante a paragem de produção.
O sindicato defende ainda que a atual situação se deve a “erros de gestão do Grupo Volkswagen”, por estar dependente de um único fornecedor e pela utilização do sistema Just In Time, em que a entrega de componentes para produção é feita pelos fornecedores na hora exata, dispensando a necessidade de uma grande capacidade de armazenamento na fábrica.
A Autoeuropa inicia segunda-feira uma paragem de produção de nove semanas, de 11 de setembro a 12 de novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi severamente afetado pelas cheias que ocorreram no início do mês de agosto naquele país.
A administração da fábrica de automóveis do grupo Volkswagen, em Palmela, no distrito de Setúbal, tal como outras empresas do parque industrial, decidiu recorrer ao `lay-off´
A empresa chegou, entretanto, a acordo com os trabalhadores e vai garantir o pagamento de 95% dos salários durante a paragem de produção, mas no parque industrial há empresas que vão aplicar cortes salariais de 5%, 10% e 33%. Entre as 19 empresas do parque industrial da Autoeuropa, de acordo com a Coordenadora das CT, só a Faurecia deverá manter o pagamento de salários na totalidade, uma vez que a empresa é fornecedora de outras marcas de automóveis e não apenas da Volkswagen.
O ‘lay-off’ é uma medida que prevê a redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão temporária dos contratos de trabalho, devido a motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, incluindo catástrofes ou outras ocorrências que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa, desde que tais medidas se mostrem indispensáveis para assegurar a viabilidade económica dessa empresa e a manutenção dos postos de trabalho.