Emmanuel Macron anunciou esta sexta-feira que a junta militar no poder no Níger raptou o embaixador francês e que o mantém refém desde a realização do golpe de Estado de 26 de julho.

Segundo o Presidente Francês, a junta militar no poder de Niamey, comandada pelo general Abdourahamane Tiani, deteve o embaixador SylvainItte e os funcionários diplomáticos. Entretanto, a 25 de agosto, ordenou oficialmente a sua saída do país, num prazo de 48 horas. Este ultimato incluiu também os diplomatas dos Estados Unidos da América, Alemanha e Nigéria.

Macron vem agora dizer que essa saída não lhe é sequer permitida. “Enquanto estamos a falar, temos um embaixador e funcionários diplomáticos mantidos reféns na embaixada francesa”, disse aos jornalistas na cidade de Semur-en-Auxois, citado pela France24.

O Presidente francês, contudo, negou as exigências dos golpistas que também ordenavam a retirada dos 1.500 soldados posicionados nas fronteiras nigerianas.

De acordo com o chefe de Estado francês, as forças militares nigerianas fecharam o embaixador em sua casa e racionaram-lhe a comida. “Ele não pode sair, porque é persona non grata, e é-lhe recusada comida”, disse o Presidente.

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Macron acusa a junta militar, que tirou o poder ao Presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum, de fornecer apenas “rações militares” ao embaixador, que são “escassas e servidas irregularmente pelos militares de Niamey”.

“Vou fazer o que puder para apoiar o Presidente Bazoum, porque ele é uma autoridade legítima e falo com ele todos os dias”, garantiu o Presidente francês.

A acusação surge após Macron ter desmentido as declarações sobre o país estar a preparar uma intervenção militar no Níger. “Não reconhecemos qualquer legitimidade às declarações dos golpistas”, disse, no final da cimeira do G20, que aconteceu este fim de semana, na Índia.

França refuta acusação de preparação de intervenção militar no Níger

Em causa, estava o alegado destaque de “dois aviões de transporte militar A400M e um Dornier 328, como reforços para a Costa do Marfim”, alertou o Coronel Major Amadou, num programa transmitido pela televisão nacional.

O membro do regime acrescentou ainda que, além dos aviões, tinham sido destacados “dois helicópteros multifunções Super Puma” e “cerca de quarenta veículos blindados em Kandi e Malanville, no Benim”.

“A França continua a posicionar as suas forças em vários países da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] preparando uma agressão contra o Níger, que está a planear em colaboração com esta organização comunitária”, enunciou, referindo-se à organização que fez um ultimato à junta militar, com um prazo de 48 horas para voltarem a repor o Presidente eleito no poder.

O que é a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a organização que pode intervir militarmente no Níger?