Três obras do artista austríaco Egon Schiele, reivindicadas pelos herdeiros do seu antigo proprietário, um colecionador judeu vítima dos nazis, foram apreendidas pela justiça norte-americana de museus dos Estados Unidos, divulgou esta quinta-feira fonte judicial.

Nas ordens de apreensão datadas de terça-feira, divulgadas pela agência France-Presse (AFP) depois de noticiadas pelo New York Times, o Supremo Tribunal do Estado de Nova Iorque considera que “há motivos razoáveis para acreditar” que estes desenhos do artista expressionista austríaco “são roubados” e “detidos ilegalmente”.

“Prisioneiro de Guerra Russo” (1916), uma aguarela e lápis sobre papel no valor de 1,25 milhões de dólares, foi apreendido do Art Institute of Chicago; “Portrait of a Man” (1917), um desenho a lápis sobre papel no valor de um milhão de dólares, foi apreendido do Carnegie Museum of Art em Pittsburgh (Pensilvânia, nordeste), enquanto “Girl with Black Hair” (1911), uma aguarela e lápis em papel no valor de 1,5 milhões de dólares, foi apreendido do Allen Memorial Art Museum da Oberlin University (nordeste, Ohio). Os despachos especificam que as obras podem permanecer “no local” por um período de 60 dias.

“Estamos convencidos de que adquirimos legalmente esta obra e que a possuímos legalmente”, referiu o museu de Chicago, acrescentando que pretende defender-se no contexto de “uma disputa civil perante um tribunal federal“. “Cooperaremos totalmente com os pedidos das autoridades”, frisou, por sua vez, o Carnegie Museums de Pittsburgh.

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A propriedade das obras é reivindicada pelos herdeiros de Fritz Grünbaum, artista judeu austríaco, grande colecionador de arte e crítico do regime nazi, morto no campo de concentração de Dachau, na Alemanha, em 1941.

Segundo o New York Times, a presente investigação diz respeito a uma dúzia de obras de Egon Schiele saqueadas pelos nazis. Os herdeiros de Fritz Grünbaum tomaram medidas legais há anos para recuperar obras de arte que pertenceram ao seu antepassado.

A justiça norte-americana decidiu contra esta família em 2005, considerando que agiram tarde demais, mas os herdeiros de Fritz Grünbaum ganharam o caso relativo a duas obras em 2018.