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Pode estar iminente uma proibição da importação de diamantes russos ao nível do G7. De acordo com o Financial Times, que cita responsáveis do governo da Bélgica, as 7 maiores economias do mundo estarão a ultimar um pacote de sanções à indústria dos diamantes russos. O anúncio deve acontecer nas próximas semanas e, a confirmar-se, poderá mudar por completo o mercado global, onde Moscovo é um dos maiores players.

Representantes belgas confirmaram durante o último fim-de-semana que a proposta do país visa “vedar o mercado do G7” aos diamantes russos. Esta ação vai em linha com o acordado na última cimeira do G7 no passado mês de maio, em Hiroshima, onde os líderes das potências económicas concordaram em implementar sanções àquela que é um dos grandes pilares da economia russa e que, até agora, tem passado incólume às restrições do Ocidente precipitadas pela guerra.

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Um responsável europeu ouvido pelo jornal económico confirmou que um conjunto de propostas concretas estavam agora a “colher apoios significativos junto dos membros do G7”. Como parte deste esforço coletivo, deverão ser implementadas medidas para impedir a entrada de diamantes russos, brutos e polidos, nestes mercados, bem como tecnologias que permitam rastrear diamantes de produção russa.

“Estamos a falar de reestruturar um mercado global”, referiu a fonte belga, citada pela Reuters. “A Rússia é a maior fornecedora a nível global. Com este sistema estamos a deixá-los de fora, a relegá-los para um mercado inferior com preços mais baixo. Estamos a cortar os fluxos financeiros deste setor”. As novas sanções entrariam em vigor a 1 de janeiro.

A nível global, o mercado de diamantes movimenta anualmente qualquer coisa como 74 mil milhões de dólares (cerca de 69,2 mil milhões de euros). A Rússia é a maior produtora de diamantes em bruto do mundo, uma indústria que gerou 4 mil milhões de dólares  (cerca de 3,7 mil milhões de euros) em exportações em 2021. 

O mercado de diamantes é, em larga medida, alicerçado em dois outros hubs: Antuérpia, na Bélgica, onde acontecem 84% das trocas comerciais de diamantes em bruto, e a Índia, onde até 90% destas pedras preciosas são polidas. A adoção de sanções desta envergadura iria criar uma divisão no mercado global, onde os países do G7 são responsáveis pela grande maioria — 70% — das compras comerciais de diamantes (boa parte dos quais são proveniente da Rússia).

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Os esforços dos países G7 para limitar o comércio de diamantes russos visa acompanhar medias já adotadas pelos EUA que, em abril de 2022, proibiu a entrada de pedras preciosas russas no seu território. A Bélgica, por seu turno, tem resistido a medidas deste tipo, por recear que tal poderá causar uma quebra no mercado comercial de Antuérpia, com parte do volume de negócios a ser desviado para hubs alternativos, como o Dubai.

A posição belga é a de que uma mera proibição das importações não terá efeitos práticos, e que é necessária a adoção de novas tecnologias de rastreio de diamantes, para que seja possível averiguar a sua proveniência a cada momento do processo comercial. 

Tal poderia passar, por exemplo, por controlos físicos dos diamantes e pela criação de uma base de dados, bem como um “registo público” com recurso a tecnologia blockchain. Este processo necessitaria da colaboração da Índia e das nações sul-africanas, onde acontece o refinamento das pedras preciosas, o que levaria a um aumento dos custos de produção.

Citada pelo Financial Times, um dos líderes da indústria indiana afirmou que a proposta belga era até aqui “um segredo tão bem guardado como uma bomba nuclear”, e queixou-se pelo facto de os belgas não terem consultado a indústria indiana. 

A indústria dos diamantes indiana, defendeu, “não pode ficar pior”, dado o contexto atual de excesso de oferta, pouca procura, e a preocupação crescente com diamantes criados em laboratório. No mesmo sentido, e dada a apreensão do lado indiano, a fonte adiantou que a entrada em vigor desta proibição já a partir do dia 1 de janeiro não está fechada.

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