Tudo parecia estar a correr bem após a derrota no prolongamento da final da Taça dos Campeões Árabes com o Al Nassr de Cristiano Ronaldo e companhia. Apesar do empate com o Al-Fahya, o Al Hilal conseguiu uma série de vitórias consecutivas que permitiram a ascensão ao primeiro lugar da Liga saudita, coincidindo com a chegada dos tão ambicionais reforços para o ataque: Mitrovic e Neymar (que demorou a estrear-se devido a problemas físicos). No entanto, bastaram quatro dias para tudo mudar. Mudar tanto que a imprensa local avança já com a possibilidade de haver uma reunião de Jorge Jesus com a direção do clube tendo em cima da mesa o cenário de uma saída do comando técnico do conjunto que já antes tinha orientado.

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A hipótese precipitou-se após dois empates em nada decisivos mas que deixaram os adeptos visivelmente (ou de forma audível descontentes). Na segunda-feira, na primeira jornada da Liga dos Campeões asiática frente ao conjunto do Navbahor Namangan, do Usbequistão, o Al Hilal não foi além de um empate resgatado no período de descontos de uma partida que teve quase sentido único mas que emperrou muitas vezes no plano ofensivo no excessivo individualismo das principais figuras da equipa (1-1). Esta quinta-feira, a formação de Riade voltou a ceder pontos na Liga saudita com um empate frente ao Damac após um golo de Malcolm a abrir e um lance muito consentido do guarda-redes Bono, que não jogara no encontro anterior (1-1).

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No final da partida, os adeptos do Al Hilal, um dos quatro clubes que passaram a ser detidos na sua maioria pelo Fundo Soberano do país, manifestaram o seu desagrado pela exibição e pelo resultado com um coro de assobios que terá feito soar os alarmes em termos internos, também com a subida do campeão Al-Ittihad de Nuno Espírito Santo ao primeiro lugar após um triunfo com o Al-Fateh (esta sexta-feira joga-se o encontro grande da jornada, entre Al Nassr e Al Ahli). Já foram também ventilados alegados problemas de alguns jogadores com estatuto de estrela e o treinador, algo que nunca mereceu qualquer comentário. O jornalista Khaled Alhussan fala mesmo no nome de Mohammed Al-Shalhoub como substituto interino, ao passo que no Brasil coloca-se a possibilidade de o antigo selecionador Tite assumir o comando técnico.

O Al Hilal está em primeiro lugar do Campeonato sem derrotas. Isso é conversa de malucos”, comentara Jorge Jesus antes do jogo com o Damac. “Os meus jogadores estão cansados desta grande pressão que surge dos jogos consecutivos. Jogámos três partidas em seis dias”, referiu depois da igualdade a um que permitiu que o Al-Ittihad ascendesse ao primeiro lugar da Liga.

Após uma primeira passagem em 2018/19 pelo Al Hilal, onde ganhou uma Supertaça da Arábia Saudita, o antigo técnico de Benfica ou Sporting regressou ao país este verão, tendo chegado a acordo para não treinar a seleção e assumir um clube que já conhecia, tornando-se mais um entre cinco portugueses no comando de equipas sauditas além de Nuno Espírito Santo (Al-Ittihad), Luís Castro (Al Nassr), Pedro Emanuel (Al Khaleej) e Filipe Gouveia (Al-Hazm), os dois últimos com objetivos desportivos mais modestos na Liga. Rúben Neves, Milinkovic-Savic, Kalidou Koulibaly, Malcolm e mais recentemente Mitrovic e Neymar.

Ainda assim, do outro lado do mundo, há quem veja com muito agrado a atual situação mais “tremida” do português. Quem? O eterno namoro do costume, Flamengo. Após a notícia de que Jorge Jesus podia deixar o comando do Al Hilal, os blogues e as redes sociais afetas ao clube do Rio de Janeiro ficaram inundadas de pedidos aos dirigentes para que possam recuperar o técnico que venceu uma Taça dos Libertadores, um Campeonato, uma Supertaça do Brasil, uma Supertaça Sul-Americana e um Campeonato Carioca antes do regresso ao Benfica pouco mais de um ano depois. Mais: Jorge Sampaoli, treinador dos rubro-negros, tem a sua situação cada vez mais frágil pela falta de resultados e pelos alegados problemas internos.

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