O PCP considerou esta quarta-feira que o Governo foi forçado a “fazer alguma coisa” para responder à crise na habitação devido à “luta das populações”, apelando à participação na manifestação deste sábado para exigir “uma mudança de políticas”.

Numa declaração política no parlamento, o deputado do PCP Bruno Dias afirmou que a crise na habitação é “um drama para as famílias, para os jovens, para os estudantes e os seus pais”, defendendo que é “urgente garantir casas para viver, e não para especular”.

Criticando as medidas do Governo para responder à crise na habitação, o deputado comunista considerou, contudo, que o executivo foi forçado a adotá-las devido à “luta das populações”. As “medidas agora anunciadas vêm demonstrar mais uma vez que o Governo foi forçado pela luta das populações a fazer alguma coisa, que vale sempre a pena lutar”, afirmou.

Neste contexto, Bruno Dias apelou à participação na manifestação deste sábado pelo direito à habitação, defendendo que a luta, “mais cedo ou mais tarde, irá levar por diante as medidas que se impõem para responder ao problema da habitação”.

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Este sábado, dia 30, por todo o país, vai haver um momento, uma oportunidade, para que tanta gente que está a sofrer e a angustiar-se com o seu futuro e a sua vida possa sair à rua, fazer ouvir a sua voz e exigir uma mudança de políticas na habitação”, disse.

Nos pedidos de esclarecimento, o deputado da IL Carlos Guimarães Pinto abordou uma alegada situação envolvendo um centro de trabalho do PCP em Aveiro, que, segundo o relato do deputado, o partido terá demolido e reconstruído para vender apartamentos por meio milhão de euros.

Para resolver os problemas da habitação, deem os edifícios devolutos do Estado ao PCP que o PCP, levado pela mão invisível em busca do lucro, é mais eficiente a transformá-los em habitação do que o próprio Governo”, ironizou.

Esta intervenção mereceu críticas diretas de Bruno Dias, que acusou o deputado da IL de “ou não saber do que está falar ou de estar a faltar à verdade e a mentir de forma descarada “, pedindo que se retrate e recusando que o PCP tenha “responsabilidades no que está a acontecer” em Aveiro com o edifício em causa.

Pelo Chega, o deputado Pedro Pessanha perguntou o que é que o PCP tem feito para “resolver a questão da habitação em Portugal”, recordando que o partido participou na geringonça e integrou, ou integra, executivos em câmaras municipais como o Seixal ou Loures.

Na mesma linha, a deputada do PSD Márcia Passos sustentou que o PCP tem “tanta responsabilidade como o PS no péssimo estado” da habitação em Portugal, uma vez que integrou a geringonça.

A deputada do BE Isabel Pires perguntou porque é que o Governo “continua a escolher deliberadamente não resolver uma crise de habitação que tem soluções”, considerando que Portugal se tornou “um oásis para especuladores imobiliários, com benefícios fiscais que não cabem na cabeça de ninguém”.

Já pelo PS, o deputado Hugo Carvalho disse concordar com o diagnóstico de Bruno Dias, reconhecendo que há “um problema grave de acesso ao mercado de habitação”, mas recusou que o Governo não esteja a agir, afirmando que estão a ser adotadas medidas quer estruturais, quer conjunturais.

O deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que uma das questões centrais na crise à habitação é o aumento das taxas de juro e propôs que se aumente “a taxação de casas compradas para efeitos meramente especulativos, vendidos a preços muito acima dos mercados, usando esse dinheiro para um fundo emergencial de apoio à habitação”.