“Pagámos por ele, por isso é o nosso edifício”. A 6 de janeiro de 2021, Shane Jenkins ecoou estas palavras a plenos pulmões enquanto partia uma janela do Capitólio dos Estados Unidos da América (EUA) — a mesma que permitiu os manifestantes invadir os escritórios dos senadores. Agora, prepara-se para pagar bem mais caro pela violência que provocou durante o ataque.

O homem, de 46 anos, que faz parte do J6 Prison Choir, o coro formado por 20 suspeitos detidos na invasão do Capitólio, que chegou a lançar uma canção que ficou em primeiro lugar no iTunes, vai continuar a harmonizar atrás das grades durante mais sete anos.

Foi essa a decisão do tribunal federal de Washington D.C, que sentenciou esta sexta-feira Shane Jenkins, juntando-se assim às mais de 650 pessoas já condenadas pela invasão do Capitólio, nomeadamente o ex-líder dos Proud Boys, Enrique Tarrio, que passará 22 anos na prisão.

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Em pleno tribunal, um dos compositores do tema Justice for All, que foi inclusivamente aplaudido pelo ex-Presidente Donald Trump — que incentivou os apoiantes a fazer uma “marcha pacífica” até ao Capitólio, no dia em que o Senado procedia à certificação dos votos do colégio eleitoral que reconheciam a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020 —, pediu desculpa “por toda a dor e sofrimento que” causou.

Eu amo este país. Não sou um maníaco”, assegurou, segundo o The Washington Post.

Jenkins foi condenado por oito crimes, remetendo ao dia em que, juntamente com outros manifestantes, pegou em diversos móveis de “madeira maciça” e os atirou contra agentes da polícia. Acabou por ser atingido por gás pimenta, mas só precisou de alguns segundos para recuperar e pegar novamente numa “gaveta de madeira, num mastro de bandeira, numa bengala de metal, num poste de madeira partido e em outros objetos”, lançando-os contra as autoridades.

Ainda assim, e apesar de o juiz ter achado que tais ações podiam ter provocado “danos sérios”, considerou que Jenkins merecia uma pena mais curta do que os manifestantes que provocaram a morte dos cinco agentes da polícia.

Autointitulado como “preso político”, Jenkins fundou um site onde vende merchandising do coro da prisão com slogans como “Libertem os prisioneiros políticos” e “Querem o meu voto? Ajudem os J6” e ainda camisolas com a mugshot de Donald Trump, tirada quando este se entregou às autoridades para responder à acusação de conspiração para tentar alterar os resultados das eleições. Estima-se que já tenha angariado cerca de 178 mil euros, como noticia a Associated Press.

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