Os trabalhadores da fábrica de Sines (Setúbal) da Indorama Ventures deslocam-se na segunda-feira a Lisboa, para exigirem a intervenção do Governo no lay-off em vigor desde o início do mês e na preservação dos postos de trabalho.

Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul) refere que a deslocação ao Ministério da Economia e do Trabalho, em Lisboa, foi aprovada em plenário, em 22 de setembro.

Contactado pela agência Lusa, o dirigente do SITE Sul, Hélder Guerreiro, explicou que os trabalhadores esperam ser recebidos pelo ministro da Economia, António Costa Silva, ou pela ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, para denunciarem o “lay-off determinado pela administração” da empresa.

O objetivo é que o Governo possa ouvir de viva voz as razões dos trabalhadores e, esperemos nós, apresentar soluções”, afirmou.

O dirigente defendeu “a alteração das condições do lay-off” para permitir que “os trabalhadores efetivamente recebam o seu salário por completo” durante o período de paragem de produção.

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Um outro aspeto é a preservação dos postos de trabalho e, naturalmente, que o Governo terá de intervir junto da Indorama para impedir a deslocalização da empresa, uma vez que este grupo usufruiu de benefícios para adquirir aquelas instalações” em Portugal, salientou.

O lay-off na fábrica de Sines da multinacional tailandesa Indorama Ventures arrancou no início do mês por um período de seis meses renováveis por igual período e o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores.

O sindicalista acusou ainda o Governo de “conivência e cumplicidade” em todo o processo e de nada fazer “para impedir ou sequer alterar” a situação, permitindo que “o lay-off seja pago a 100%“.

No comunicado, o sindicato refere que na deslocação a Lisboa a comitiva vai também reivindicar “a igualdade de tratamento” no “pagamento dos salários de todos os trabalhadores na íntegra”.

Não pode haver filhos e enteados, sobretudo quando os trabalhadores que menos ganham são os mais prejudicados”, lê-se no documento.

Para o dirigente sindical, a empresa espera que, durante o período em que decorrer o lay-off, “estes trabalhadores já tenham saído da empresa, pelo próprio pé, por não aguentarem as condições de vida“.

Em agosto, o sindicato pediu uma reunião urgente ao ministro da Economia para o sensibilizar para a urgência de tomada de medidas que salvaguardem os postos de trabalho da unidade fabril e a economia nacional.

A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no complexo industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros.

A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa no final do mês de julho de 2017, dois anos depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER).

A unidade fabril, agora nas mãos da Indorama Ventures, é produtora de ácido tereftálico purificado, a matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.