Marques Mendes admite que a proposta do Orçamento do Estado para 2024, cuja discussão na generalidade arranca esta segunda-feira, no Parlamento, é marcado por uma “componente social grande” — mas destaca cinco pontos (extra orçamento) que vão aquecer a discussão.

Do fraco investimento público ao estado da saúde (depois daquilo que o comentador da SIC diz terem sido “oito erros com muitos erros” no setor, entre fim das PPP, fuga de médicos, tempos de espera para cirurgias e falta de médicos de família), emigração e problemas na habitação (e ainda a subida do IUC), o antigo líder do PSD apresenta os “temas quentes” a que o Governo não vai conseguir escapar durante a discussão das próximas semanas.

Marques Mendes apresentou ainda os cinco pontos positivos e os cinco pontos negativos que, na sua opinião, resumem a proposta de Fernando Medina para o OE do próximo ano.

Do lado positivo, a capacidade de organizar um orçamento sem previsão de défice, o alívio fiscal da classe média (através da redefinição dos escalões do IRS), o aumento as pensões acima do nível da inflação, o aumento do salário mínimo e a atualização das prestações sociais. Essa é a marca “social” que o comentador reconhece no documento.

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Depois, há os aspetos negativos. A falta de “ambição” no domínio económico e de incentivos à atividade produtiva e à poupança, o “aumento grande de receita fiscal”, através dos impostos diretos, o novo aumento da carga fiscal e o “crescimento excessivo da despesa”, com repercussões para futuro.

Marcas que tornam mais previsível — e fácil — a contestação à esquerda do PS do que à direita, antevê Marques Mendes.

Pizarro remodelável? “Tem muito peso político”

Sobre aquele que é um dos “temas quentes” do Orçamento, mas que pode ter desenvolvimentos à margem dessa discussão, Marques Mendes recusou a ideia de que, face à crise no setor da Saúde — com ministério e sindicatos em pleno processo negocial para tentar travar as dificuldades de resposta, entre outros, nos serviços de urgência —, Manuel Pizarro seja um ministro a prazo.

“É exagero considerar que é um ministro remodelável, tem muito peso político”, defende o social-democrata. Pizarro sairá, antevê Mendes, mas só em 2025, para ser o candidato do PS à Câmara Municipal do Porto. Tal como Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, que nessa altura poderá rumar a Sintra para tentar suceder a Basílio Horta. E Ana Catarina Mendes, mais cedo, para ser cabeça de lista ao Parlamento Europeu.

Mas, voltando à Saúde, numa noite em que Pizarro e sindicatos estavam reunidos para debater o plano de resposta que ponha fim à crise das urgências, Marques Mendes prevê que haja acordo. “É muito importante que haja acordo, para todos — para o país e para a Saúde, que precisa de ser pacificada”, mas também para os médicos. O acordo “é bom para os médicos, mas é sobretudo é justo. Estão há anos exaustos, desmotivados”, diz o social-democrata.

De qualquer modo, “a haver um acordo, isso será uma vitória do ministro da Saúde e do governo”, defende, esperando “flexibilidade” de ambas as partes que permite alcançar um entendimento.