O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) continua num impasse em relação à situação em Gaza, com os 15 Estados-membros a não reunirem um consenso sobre pausas humanitárias, disse o embaixador norte-americano Robert Wood.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se esta segunda-feira, a pedido da China e dos Emirados Árabes Unidos, para discutir o agravamento da situação em Gaza e os recentes ataques aéreos de Israel ao campo de refugiados de Jabalia e a um comboio de ambulâncias perto do Hospital Al Shifa, mas vários diplomatas indicaram no final que “as lacunas” ainda permanecem, um mês depois do início do conflito.

Após a reunião, que decorreu a portas fechadas, Robert Wood disse a jornalistas que, “neste momento, ainda não há acordo”, apesar de terem sido discutidas pausas humanitárias e de os EUA estarem “interessados em alcançar uma linguagem nesse sentido” numa futura resolução que vá a votos no Conselho de Segurança.

A reunião desta segunda-feira segue-se a um período de intenso, mas inconclusivo, de negociações do Conselho de Segurança em torno de um possível projeto de resolução sobre a escalada do conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em outubro, o Conselho votou quatro projetos de resolução sobre a crise, mas nenhum foi adotado, com os EUA a estarem entre os países que rejeitaram o termo “cessar-fogo” e a vetarem textos que não condenassem especificamente o Hamas.

Após o fracasso nas votações, a embaixadora de Malta, Vanessa Frazier, anunciou que os dez membros não-permanentes do Conselho iriam trabalhar num quinto projeto de resolução, num momento em que continuam as negociações para colmatar as divisões entre os diplomatas, incluindo sobre se o Conselho deveria apelar por um cessar-fogo ou por pausas humanitárias.

Para a China e Emirados Árabes Unidos, a solução passa por um cessar-fogo humanitário imediato, tal como apelou na manhã desta segunda-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Isso é desesperadamente necessário para permitir um salvamento completo e rápido” dos civis em Gaza, disseram os dois países no final da reunião, frisando que as “guerras têm regras e devem ser mantidas”.

Para tentar manter a situação em Gaza sob os holofotes do Conselho de Segurança, a embaixadora do Emirados Árabes Unidos, Lana Nusseibeh, disse que o órgão se deverá reunir novamente para abordar o conflito na quinta-feira.

Dada a urgência da situação e por iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, França organizará na quinta-feira uma conferência humanitária internacional para o povo de Gaza, em Paris.

Macron anunciou na sexta-feira a realização desta “conferência humanitária”, afirmando que “a luta contra o terrorismo não justifica o sacrifício de civis”.

Para o embaixador francês junto à ONU, Nicolas de Rivière, “tréguas humanitárias” ou “pausas humanitárias” são apenas palavras, e o importante é fazer com que a ajuda chegue efetivamente aos civis palestinianos. Contudo, França apelou a uma “trégua humanitária imediata”.

Já para o diplomata palestiniano junto da ONU, Riyad Mansour, não são apenas palavras, frisando que um cessar-fogo deveria ser “a primeira ordem do dia”, enquanto pausas humanitárias significariam que Israel “continua a matar os palestinianos”, dando-lhes apenas “algumas horas de vez em quando” para a entrada de ajuda em Gaza.

Israel opôs-se aos apelos quer por um cessar-fogo, quer por pausas humanitárias, com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a declarar, na sexta-feira, que Israel rejeita “um cessar-fogo temporário que não inclua a libertação dos nossos reféns”.