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A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, esta segunda-feira, que a situação hospitalar em Gaza é “catastrófica”, com a maioria dos hospitais fora de funcionamento.

Temos agora 1,7 milhões de pessoas deslocadas, por isso temos o dobro ou o triplo da população (no sul de Gaza), a utilizar um terço das camas hospitalares em menos de um terço dos hospitais disponíveis”, disse o diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan, num briefing na sede da ONU em Nova Iorque, no qual participou por videoconferência a partir de Genebra.

“Mesmo que amanhã de manhã tivéssemos um cessar-fogo, ainda teríamos um enorme problema nas nossas mãos”, acrescentou.

Ryan disse que os serviços de saúde na Faixa de Gaza já não são capazes de prestar cuidados a casos médicos mais complexos — incluindo à maioria dos pacientes com cancro e em diálise renal — e provavelmente ficarão sobrecarregados com cerca de 5.500 nascimentos esperados no próximo mês.

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Os planos dos militares israelitas de avançar mais para sul, disse Ryan, piorariam ainda mais as condições de saúde.

A situação hospitalar — a situação do sistema de cuidados de saúde primários — em Gaza é catastrófica e é a pior que se pode imaginar no norte”, afirmou.

Ryan disse ainda que uma das consequências do sistema de saúde em colapso é que é “muito difícil” manter atualizados os números reais de vítimas, salientando que a grande maioria dos mortos são mulheres e crianças. “E ainda há um grande número de pessoas desaparecidas, que pode incluir até 1.500 crianças”, sublinhou.

Além dos ferimentos, alguns muito graves, a OMS relatou um grande número de pessoas amontoadas em refúgios, situação que gera riscos epidémicos.

As chuvas e a queda repentina das temperaturas irão ainda criar um problema de potencial pneumonia, especialmente entre crianças, alertou o funcionário da OMS.

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) informaram, esta segunda-feira, que a sua clínica na Cidade de Gaza foi atingida por tiros em “intensos combates” em torno da instalação, o que levou à demolição de um muro e que parte do prédio fosse envolvida pelas chamas.

A organização, que “pediu urgentemente o fim dos combates na zona”, indicou na sua conta na plataforma X (antigo Twitter) que na manhã de domingo registaram-se “intensos combates” perto da clínica, onde também foi avistado um tanque israelita.

De acordo com a organização, dezenas de pessoas dentro da clínica estão “em extremo perigo”, enquanto “mais de 50 pessoas, incluindo funcionários dos MSF, estão em edifícios próximos e há uma pessoa ferida que precisa de atenção médica”, num momento em que várias viaturas da ONG “estavam em chamas”.

Enquanto isso, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz das Nações Unidas (ONU), Rosemary DiCarlo, reuniu-se no domingo com o Presidente israelita, Isaac Herzog, e outros altos funcionários do Governo, inclusive do Ministério das Relações Exteriores, e encontrou-se com famílias de reféns detidos em Gaza.

A informação foi avançada pela própria ONU, que indicou que Rosemary DiCarlo manteve, esta segunda-feira, novas reuniões com interlocutores israelitas e colegas das Nações Unidas no terreno.

Já na terça-feira, a subsecretária-geral viajará para Ramallah, uma cidade no centro da Cisjordânia, para se encontrar com interlocutores palestinianos. Os encontros de DiCarlo com autoridades israelitas dão-se num momento de fortes tensões entre a ONU e Israel, com Telavive a rejeitar o posicionamento crítico das Nações Unidas face aos seus ataques em Gaza.

O Governo israelita chegou mesmo a pedir a demissão de António Guterres da liderança da ONU após o secretário-geral ter dito que os ataques do Hamas “não aconteceram do nada”.