A NATO, os países do G7 e a União Europeia (UE) condenaram, esta quarta-feira, o lançamento do primeiro satélite espião norte-coreano, considerando-o uma ameaça à paz e à estabilidade global e uma violação das resoluções da ONU.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou “firmemente” o lançamento do satélite espião norte-coreano e acrescentou que Pyongyang “deve pôr fim à sua conduta perigosa”.

Condeno firmemente o lançamento de um satélite militar pela República Popular Democrática da Coreia, usando tecnologia de mísseis balísticos em violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, declarou Stoltenberg em comunicado.

O lançamento “aumenta as tensões e representa um grave risco para a segurança regional e internacional” e “a Coreia do Norte deve pôr fim à sua conduta perigosa, abandonar os seus programas nucleares e de mísseis balísticos e envolver-se na diplomacia de boa-fé”, afirmou.

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), bem como o Alto Representante da UE, consideraram o lançamento norte-coreano uma “ação irresponsável” e solicitaram uma resposta firme ao Conselho de Segurança da ONU.

Para os membros do G7, “qualquer lançamento que utilize tecnologia de mísseis balísticos” constitui uma violação das resoluções da ONU. O grupo de países condenou ainda as exportações de armas da Coreia do Norte para a Rússia para serem utilizadas na Ucrânia, como mais uma violação das resoluções da ONU.

O G7 manifestou também preocupação “com a potencial transferência de tecnologia nuclear ou de mísseis balísticos” de Moscovo para o regime de Pyongyang.

A Coreia do Norte não pode ser e nunca terá o estatuto de Estado detentor de armas nucleares ao abrigo do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”, afirmaram os ministros do G7.

A Coreia do Norte revelou, esta quarta-feira, que obteve fotografias de bases militares norte-americanas na ilha de Guam, no Oceano Pacífico, tiradas pelo satélite espião que lançou na terça-feira a bordo de um foguetão espacial.

A agência estatal KCNA noticiou que o líder Kim Jong-un viu “imagens da Base Aérea de Anderson, do Porto de Apra [onde se encontra uma base naval] e de outras áreas de importantes enclaves militares dos Estados Unidos”. Kim terá visto as imagens durante uma visita ao centro de controlo geral da Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial (NATA), em Pyongyang.

Os técnicos disseram a Kim que o satélite Malligyong-1 começará oficialmente a funcionar em 1 de dezembro, depois de sofrer ajustes durante os próximos “7-10 dias”, segundo a KCNA. A Coreia do Sul e os Estados Unidos ainda não confirmaram que o satélite está numa órbita correta.

Se as afirmações do regime forem verdadeiras, as capacidades de vigilância da Coreia do Norte terão dado um grande salto em frente com a instalação deste satélite, segundo a EFE.

O lançamento de terça-feira seguiu-se a duas tentativas falhadas, em maio e agosto, e foi supervisionado por Kim Jong-un. A iniciativa foi condenada pelo Japão, pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos.

O lançamento desencadeou a ativação do sistema nacional antimíssil do Japão durante alguns minutos, através do qual foi enviada uma mensagem aos habitantes da prefeitura de Okinawa (sudoeste) recomendando-lhes que procurassem abrigo.

Os três países recordaram, esta quarta-feira, que as sanções do Conselho de Segurança da ONU proíbem a Coreia do Norte de efetuar lançamentos espaciais, uma vez que utiliza a sua própria tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM).

A Coreia do Sul admitiu que, para resolver os problemas técnicos registados pelo Chollima-1 em maio e agosto, Pyongyang tenha recebido assistência técnica de Moscovo em troca de armas para utilização na Ucrânia.

Seul afirmou que o Pyongyang enviou a Moscovo cerca de 2.000 contentores de equipamento militar, incluindo mais de um milhão de cartuchos de artilharia e, possivelmente, também munições para tanques, mísseis guiados antitanque ou mísseis terra-ar portáteis.

Em reação a este lançamento, Coreia do Sul suspendeu parcialmente um acordo militar com o vizinho do Norte.