Apenas dois anos depois, tudo mudou. Em 2021, todos preparavam o acompanhamento do Grande Prémio de Abu Dhabi das mais variadas formas tendo em conta o que estava em causa. Aliás, os mais aficionados não olharam a despesas e colocaram mesmo umas folgas para rumarem dos mais variados pontos (incluindo de Portugal) até ao local que seria palco da prova que funcionava como ponto alto de ressurgimento da Fórmula 1. Sim, a “Drive to Survive” da Netflix foi um jackpot na procura de uma maior ligação com as novas gerações mas um Campeonato do Mundo completamente em aberto e que viria a ser decidido após a entrada do safety car em pista nas derradeiras voltas tornou-se mesmo o melhor argumento para agarrar tudo e todos até ao fim (de forma literal). Agora, mantém-se apenas o campeão e tudo o resto mudou de forma radical.

Se antes havia o ponto alto da retoma da modalidade no panorama mundial, agora há quem coloque acima de tudo a questão de como voltar a recuperar esse apogeu de adeptos ganho em 2021. Razão? Tudo voltou a ser quase uma “monotonia”. Os apreciadores e mais devotos sabem que até mesmo numa temporada sem história há muitos capítulos de interesse mas Max Verstappen e a Red Bull andaram a passear num Mundial em que o neerlandês só não ficara entre os dois primeiros em 21 corridas (Singapura). Com isso, a última prova chegava apenas com um ponto de interesse que passava pela luta pelo quarto lugar, com Carlos Sainz, Fernando Alonso, Lando Norris e Charles Leclerc separados por apenas 12 pontos, e a possibilidade de a Ferrari poder ainda tirar a segunda posição no Mundial dos Construtores à Mercedes. Pouco ou nada mais.

Coincidência ou não, os últimos dias ficaram marcados por notícias que davam conta de uma tentativa de voltar a mudar o modelo competitivo sobretudo pelos pedidos dos pilotos mas também pela vontade de retomar o ponto de interesse que teve como pico máximo o final de 2021. De acordo com o jornal Marca, o formato das corridas sprint está a ser revisto para descolar ainda mais esse momento daquilo que é a corrida de domingo, existem preocupações sobre a água que sai das rodas traseiras quando o piso estava molhado e estudos sobre o sistema de refrigeração dentro dos carros que teve alguns exemplos de pilotos levados ao limite em 2023. Entre tudo isto, que terá novos capítulos nas próximas semanas, havia a corrida.

Na qualificação, mais do mesmo na frente e algumas surpresas nos lugares que se seguiram. Max Verstappen voltou a conseguiu a pole position para começar à frente aquilo que se previa que fosse mais um passeio mas logo a seguir surgia Charles Leclerc com Oscar Piastri e George Russell na segunda linha. Quatro lugares, outros tantos construtores e nomes como Sergio Pérez, Lewis Hamilton ou Carlos Sainz mais atrás. No final de uma corrida interessante, sobrou mais do mesmo com o neerlandês a ganhar. E entre todos os recordes conquistados em 2023, o piloto da Red Bull ainda foi desencantar mais um ao tornar-se o primeiro corredor a liderar 1.000 voltas numa única temporada (algo para o qual o calendário atual ajuda). “Obrigado equipa por uma época inesquecível”, comentou Max Verstappen após a 19.ª vitória da época.

Esse passou a ser um recorde reforçado mas está longe de ser o único. Vejamos: com o triunfo em Abu Dhabi, o neerlandês terminou a temporada com uma percentagem de vitórias de 86,4%, superado o registo que era de Alberto Ascari em 1952 (75%). Em paralelo, Max conseguiu superar durante o ano o registo de maior número de vitórias seguidas (dez), superando as nove de Sebastian Vettel também na Red Bull há dez anos. O tricampeão mundial tornou-se também o primeiro a chegar às 12 vitórias em corridas em que saiu da pole position, batendo o recorde que pertencia a Nigel Mansell (1992) e Vettel (2011), ambos com nove. De forma natural, Verstappen foi o campeão com mais pontos e que garantiu o título mais cedo.

Nas restantes posições, os principais destaques foram para Fernando Alonso e para a Mercedes. Charles Leclerc terminou a corrida no segundo lugar (e arriscou nas voltas iniciais passar Max Verstappen, que se defendeu da melhor forma) mas não conseguiu segurar o quarto posto do Mundial atrás do neerlandês, de Sergio Pérez e de Lewis Hamilton, ficando atrás do espanhol, que foi sétimo, com os mesmos pontos. Já a equipa britânica beneficiou da corrida falhada de Sainz para acabar em segundo no Mundial de Construtores à frente da Ferrari, também pelo terceiro lugar de George Russell em Abu Dhabi (Hamilton foi nono).

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