Foi a surpresa do dia para os militantes presentes no 41º Congresso do PSD. Passava pouco das oito da noite quando o antigo líder do PSD chegou ao Complexo Desportivo de Almada, mesmo antes de Luís Montenegro fazer a principal intervenção do dia. E foi para “ouvir” o atual líder do partido que Cavaco Silva fez uma aparição rara — desde 1995 que não participava num congresso nacional do partido. “Aceitei o convite para estar presente no encerramento do congresso porque sou um defensor entusiasta da social-democracia moderna e porque neste congresso não estava em causa a escolha dos dirigentes”, afirmou em declarações aos jornalistas, já de saída.

Se a partida foi um dos momentos da noite, a chegada não o foi menos. Miguel Albuquerque, presidente da mesa do Congresso, interrompeu os trabalhos da reunião magna e anunciou a chegada do histórico do PSD. Luís Montenegro abandonou a mesa da direção para acompanhar Cavaco Silva ao interior do complexo onde decorria o congresso. Quando a dupla entrou, os militantes levantaram-se e gritaram: “Cavaco, Cavaco”.

Cavaco Silva: “Governo passa os dias a mentir. Nunca pensei que era possível descer tão baixo em matéria de ética”

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Cavaco Silva sentou-se ao lado de Manuela Ferreira Leite, a única ex-presidente do partido que, até então, estava presente no Congresso do PSD. Ouviu o discurso de Montenegro e saiu, como entrou, acompanhado pelo atual líder social-democrata, e desta vez, prestou declarações aos jornalistas. “Os portugueses por tudo o que tenho escrito sabem o que penso sobre a situação económica, social e política do país, uma situação extremamente complicada”, assegurou o antigo líder social-democrata, recordando a intervenção que fez em maio passado. E congratulou-se por ter preconizado a atual situação política em Portugal. “De alguma forma antecipei a situação a que o país ia chegar. Falei mesmo na possibilidade de o primeiro-ministro apresentar a demissão e de serem convocadas eleições antecipadas”, apontou Cavaco.

“Estou convencido de que Portugal precisa de uma mudança que traga uma nova esperança aos portugueses. Sem essa mudança, pelo que tenho estudado e pensado, será impossível melhorar as condições de vidas das populações e impedir que os nossos jovens mais qualificados fujam para o estrangeiro”, garantiu o antigo primeiro-ministro e Presidente da República.

Perante perguntas dos jornalistas sobre coligações e antecipação de resultados eleitorais, Cavaco foi claro: “Não vim para fazer comentários partidários, vim para ouvir o líder do PSD e nessa declaração há seis meses disse de forma clara o que pensava da competência política de Luís Montenegro para ser primeiro-ministro de Portugal.” O social-democrata repetiu várias vezes que confia nos portugueses para que, “com a sua sabedoria”, façam a sua escolha a 10 de março.