Por estes dias, a relação entre Carlo Ancelotti e o futebol italiano está muito acesa. Não só por o Real Madrid e o Nápoles terem um compromisso agendado para a quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, mas também pelas ideias trocadas por Ancelotti e José Mourinho publicamente. O facto dos meregues já terem o apuramento para os oitavos de final carimbado, permitiu alguns desvios de atenção.

Carlo Ancelotti tem sido sucessivamente apontado ao cargo de selecionador nacional do Brasil, apesar do nome do técnico italiano de 64 anos não ser contestado em Madrid. “Penso que só um louco deixaria o Real quando ainda é desejado. E esse louco fui eu”, opinou José Mourinho em entrevista à RAI. “Ancelotti é perfeito para o Real Madrid e o Real Madrid é perfeito para ele”, continuou o treinador português da Roma que se declarou “adepto do Real Madrid, de coração blanco e Ancelottista“.

“Se ele é um Ancelottista, eu sou um Mourinhista, respondeu Carlo Ancelotti. “Temos um ótimo relacionamento. Também temos uma ligação à Roma, eu fui capitão [como jogador] e tenho lembranças fantásticas daquela altura”. O treinador italiano disse também que concordava com o homólogo giallorossi. “Ele diz que só um louco deixaria o Real Madrid. Sinto-me muito bem aqui e veremos o que acontece no futuro”.

A amigável troca de recados entre Ancelotti e Mourinho intrometeu-se num jogo entre o Real Madrid e o Nápoles que era bastante sério. Apesar de tudo, os merengues ainda não tinham o primeiro lugar do grupo C assegurado, bastando um empate para o conseguirem. Já o Nápoles, em caso de vitória, deixava o Sp. Braga fora da Liga dos Campeões e juntava-se aos espanhóis nos oitavos. Caso contrário, os italianos, mediante o resultado do jogo entre os arsenalistas e o Union Berlin, adiavam a decisão para a última jornada.

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Enfrentando alguma baixas, em especial a de Modric, o Real Madrid contou com Dani Ceballos no onze, médio que teve a oportunidade de ser titular pela primeira vez esta época. O treinador do Nápoles, Walter Mazzarri, em estreia no comando técnico dos campeões italianos, deixou Victor Osimhen no banco, lançando Giovanni Simeone no centro do ataque. A aposta não se podia ter revelado mais acertada. O argentino abriu o marcador (10′) após uma assistência em esforço de Di Lorenzo. Lunin, guarda-redes ucraniano do Real Madrid que tem ocupado a baliza nos últimos jogos para fazer face à ausência de Kepa, defendeu o remate, mas a tecnologia relembrou que a bola tinha transposto a linha de baliza. O empate chegou mal o jogo reatou. Rodrygo (11′), o jogador mais adiantado nos meregues, conduziu em diagonal até à entrada da área, zona que considerou ser a perfeita para rematar ao ângulo e impedir que o jogo ganhasse as características que costuma ter quando uma das equipas está na frente do resultado.

Até aqui, o Nápoles tinha conseguido manter posse de bola, mas sem progredir, limitando-se a circular no seu próprio meio-campo. A partir dos golos, o Real Madrid começou a mandar e a forçar o Nápoles a recuar. Da superioridade dos espanhóis até ao golo foi um curto passo. Alaba cruzou para a área e Jude Bellingham (22′) apareceu a finalizar desempenhando as funções do seu disfarce favorito: ponta de lança. Desta forma, o inglês manteve vivo o registo assinalável que atravessa, marcando em todos os jogos da Liga dos Campeões em que participou esta época.

Giovanni Simeone, fustigado pela marcação cerrada de Rudiger, foi substituído por Victor Osimhen ao intervalo. De qualquer modo, o jogador que fez o empate para o Nápoles foi Anguissa (51′), fuzilando Lunin na recarga ao seu próprio remate. Ferland Mendy, lateral-esquerdo do Real Madrid, estava a servir com perigo o avançados. Joselu, que entrou ao intervalo para o lugar de Ceballos, teve tudo para desviar um cruzamento do francês, mesmo à boca da baliza, mas atirou ao lado.

O resultado mantinha-se em aberto, mas a 20 minutos do final, o guarda-redes do Nápoles, Alex Meret, começava a ser o grande responsável para que o empate persistisse. Primeiro, o italiano negou o golo a Rudiger e, por fim, a Bellingham. Só que no melhor pano cai a nódoa. Nico Paz (84′), jovem argentino de 19 anos, oriundo da cantera madrilena, rodopiou na zona de ataque, arriscou o remate, que não lhe saiu assim tão forte, e Meret vacilou. Junto à relva, o guarda-redes deixou a bola passar entre as mãos e permitiu o 3-2, numa altura em que o Real Madrid já justificava a vantagem. No instantes finais, Joselu (90+4′) confirmou o triunfo, finalizando um passe de mestre de Bellingham.

A derrota (4-2) deixa o Nápoles a precisar de discutir na sexta jornada da fase de grupos o apuramento para os oitavos de final. No último jogo, os italianos recebem o Sp. Braga com uma vantagem de três pontos, mas ainda com tudo por decidir.