“Aquilo que o PAN pretende sensibilizar e apelar é que não seja feito, de todo, este despedimento [coletivo]. Que se lute pelo Jornal de Notícias, que se lute pela liberdade de imprensa, porque o país e a democracia precisam de uma imprensa viva e para isso precisamos dos profissionais em pleno funcionamento”, declarou aos jornalistas Inês Corte Real, porta-voz do PAN, após visitar a sede do Jornal de Notícias (JN).

Após ouvir dirigentes sindicais e trabalhadores do JN, a deputada do PAN afirmou que a Entidade para a Regulação da Comunicação (ERC) e o poder político deveriam ter uma política pública sobre este caso.

“A própria ERC não só deveria ter uma posição pública, mas também o próprio poder político deveria regular e revisitar a legislação para garantir a proteção e a independência do jornalismo. Não podemos continuar a falar da ameaça à democracia que existe e falar apenas de forças políticas antidemocráticas e esquecer-nos que os jornalistas são um pilar essencial da nossa democracia”, disse.

Inês Sousa Real defendeu que as entidades reguladoras e o legislador, têm “um papel absolutamente fundamental”, seja através do Orçamento de Estado, apoiando o jornalismo”, seja “através da revisitação da legislação e de uma maior transparência dos investimentos que são feitos no âmbito do jornalismo”

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Questionada sobre o que é que o PAN pode fazer neste caso para travar o eventual despedimento coletivo, Inês Sousa Real recordou que a Assembleia da República ainda não foi dissolvida e assegurou que o partido vai questionar o governo.

A deputada considerou que a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) também tem que de fiscalizar o que possa estar a acontecer do ponto de vista do suposto despedimento coletivo.

Em declarações à Lusa, o dirigente do Sindicato dos Jornalista, Augusto Correia, explicou que os trabalhadores e delegados sindicais transmitiram esta sexta-feira à porta-voz do PAN preocupações em relação ao futuro do Jornal de Notícias, por causa da possibilidade de despedimento, que pode chegar às 40 pessoas, numa redação com menos de 90 pessoas.

“Consideramos que isto vai ser uma machadada muito grave e provavelmente naquilo que é o Jornal de Notícias, enquanto nós o conhecemos: um jornal das regiões, um jornal das pessoas, um jornal de causas, um jornal que há 135 anos está a dar voz a pessoas que senão fosse o Jornal de Notícias nunca teriam voz”, explicou Augusto Correia.

O receio dos trabalhadores é que este “despedimento coletivo que a administração ainda não assumiu, apesar de o ter comunicado internamente a várias pessoas” venha “debilitar” de tal forma o jornal, que mesmo que continue a existir, nunca mais seja o mesmo jornal, “capaz de fazer um jornalismo mais próximo das pessoas”, acrescentou o dirigente do Sindicado dos Jornalistas.

Vários trabalhadores do JN confirmaram à Lusa que ainda não receberam o salário de novembro e que nada lhes foi dito quando vão receber o subsídio de Natal.

A Lusa confirmou hoje com vários trabalhadores do JN que está prevista uma reunião interna com responsáveis por todos os títulos dos jornais do grupo Global Media na próxima terça-feira, para apresentarem o novo plano de reestruturação.

Na quinta-feira, em plenário, os trabalhadores do Jornal de Notícias decidiram manter o pré-aviso de greve para 6 e 7 de dezembro, para contestar o despedimento coletivo de 150 pessoas no grupo Global Media, que estará a ser preparado pela administração.

A redação do JN também criou uma petição intitulada “Somos JN — Em defesa do Jornal de Notícias, do jornalismo e das pessoas”, com o objetivo de alertar para as consequências do despedimento coletivo.