Os trabalhadores do Jornal de Notícias avançaram com a greve de dois dias convocada pelo Sindicato dos Jornalistas, na sequência da notícia de que estará a ser preparado o despedimento coletivo de cerca de 150 pessoas no Global Media Group, de que o jornal faz parte.

No site do jornal é possível ler um aviso que indica que o site e as redes sociais sofrerão esta quarta e quinta-feira “perturbações no serviço informativo” que prestam aos seus leitores. No mesmo texto, pode ler-se a justificação para a “paralisação”, que é uma “forma de protesto contra um eventual despedimento coletivo” que foi comunicado às delegadas sindicais ao JN pela administração do grupo e que, dizem os trabalhadores do jornal, ainda não foi alvo de nenhum “esclarecimento”.

No mesmo grupo incluem-se títulos como o Diário de Notícias, a TSF, o Jogo ou o Dinheiro Vivo.

No final de novembro, o Sindicato dos Jornalistas tinha acusado a administração da Global Media de “contrariar os mais elementares princípios da boa-fé” com a intenção de despedir 140 a 150 trabalhadores, sem uma “explicação cabal das reais intenções” relativamente a esse processo. E avançado com um pré-aviso de greve que abrangia todos os trabalhadores do grupo e durará até à meia-noite de quinta-feira.

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A comissão executiva do grupo, citava na altura o Público, admitiu que enfrenta uma “gravíssima situação financeira” dados os “elevados prejuízos” e o “défice de tesouraria” que se verifica, e que chegou a resultar no atraso do pagamento dos salários de novembro. Esta terça-feira o Expresso noticiou que esses salários começaram a ser pagos aos trabalhadores, sem garantias de que o mesmo aconteça com os subsídios de Natal.

Segundo o Expresso, esta quarta-feira os trabalhadores em greve vão concentrar-se, da parte da manhã, em frente à sede do jornal, no Porto; o mesmo acontecerá na quinta-feira à tarde, mas diante da Câmara Municipal portuense.

Jornalistas do JN entregam manifesto para sensibilizar Governo para despedimento coletivo

Os jornalistas do Jornal de Notícias entregaram, esta quarta-feira, um manifesto ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro para sensibilizar o Governo para a intenção do grupo avançar com um despedimento coletivo que “será a morte” do diário.

À entrada da Câmara Municipal do Porto, três jornalistas do diário centenário aguardavam pela chegada do primeiro-ministro, António Costa, que participaria na cerimónia solene de mais uma edição do Governo+Próximo, no distrito do Porto. O objetivo era entregar a António Costa um manifesto e sensibilizar o Governo para a intenção do Global Media Group avançar com o despedimento coletivo. O documento acabou, no entanto, nas mãos do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que garantiu que iria partilhar o documento com António Costa, com quem os jornalistas acabaram por não se cruzar.

No manifesto, a que a Lusa teve acesso, a redação do Jornal de Notícias afirma que o corte anunciado pela administração “será a morte” do diário. “Se esta impensável decisão avançar, o titulo até pode sobreviver mais um ano ou outro, mas nunca será capaz de continuar a fazer a diferença”, defendem.

*Notícia atualizada às 23h20 com informação sobre manifesto entregue ao Governo