Primeiro, duas derrotas seguidas com Wolverhampton e Arsenal quando parecia que nada nem ninguém mostrava capacidade para travar o campeão europeu e inglês em título. Agora, três empates consecutivos quando parecia que nada nem ninguém seria capaz de travar a nova ascensão do campeão europeu e inglês em título. Se no início da temporada tudo parecia correr de feição para o Manchester City, que apenas num ano conseguiu redimensionar o seu futebol com a adaptação a um elemento que poderia ser estranho ao jogo coletivo pelas características que apresenta, as últimas jornadas mostraram que nem tudo seriam facilidades no objetivo de conquistar o sexto título em sete anos. E o jogo com o Tottenham mostrou isso mesmo.

Ritmo superSónico empatou quem queria ir depressa: Manchester City e Tottenham dividem pontos em jogo ‘à la’ Premier League

Os citizens começaram a perder, deram a volta, permitiram o empate mas chegaram ao 3-2 a menos de dez minutos do final. Em condições normais, e apesar de todos os elogios feitos na antecâmara do encontro a esta nova versão dos spurs comandada por Ange Postecoglou, era o xeque-mate. Não foi. Aquele último lance de Jack Grealish no final da partida em que seguia isolado para a baliza e o árbitro anulou a vantagem que tinha dado numa falta prévia deixou a equipa de Manchester à beira de um ataque de nervos (sobretudo com as imagens se tornaram virais dos protestos de Erling Haaland) mas tão ou mais anormal foi a forma como Kulusevski ainda chegou ao 3-3 quando tudo aparecia aparentemente controlado. Já tinha acontecido antes com o Chelsea, voltou a acontecer com o Liverpool, teve um terceiro capítulo com o Tottenham.

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Contas feitas, e já com o Arsenal a resgatar uma vitória no sétimo de descontos frente ao Luton, o Manchester City tinha seis pontos a menos do que os gunners e passou para trás do Liverpool – que na última ronda deu a volta com o Fulham também nos minutos finais. Seguia-se a deslocação a Birmingham para defrontar uma das grandes revelações da prova, o Aston Villa de Unai Emery, que entrou para a 15.ª jornada em posição de acesso à Liga dos Campeões com apenas menos um ponto do que os citizens. Apesar das dificuldades e do momento sem triunfos na Premier League há mais de um mês, Pep Guardiola avançou com um discurso que fugiu ao normal do espanhol, deixando uma mensagem de confiança para o futuro na prova.

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“A minha sensação é que vamos ganhar a Premier League. Se jogarmos ao nível a que temos estado a jogar, nós vamos ganhar novamente. As pessoas não acreditam depois de três empates, mas nós vamos vencer o Campeonato. A dificuldade existe e existiu na temporada passada mas, se me perguntarem hoje o que estou a sentir, vamos fazê-lo de novo. Se vou utilizar a forma a polémica com o Tottenham para motivar ainda mais a equipa? Não, nunca uso esse tipo de situação. Agora a motivação é tentar fazer melhor. Às vezes as decisões ajudam, outras vezes não”, comentou o técnico que chegou aos ingleses em 2016. E não ficou por aí, visando também os comentadores da Sky Sports: “Sei que quando não ganhamos há complacência, não há caráter. O Gary Neville sabe o quão difícil é ganhar a Premier quatro vezes seguidas, caso contrário tê-lo-ia feito na melhor fase do Manchester United. O Jamier Carragher não venceu uma, o Micah Richards também não ganhou quatro edições da Premier consecutivas. Nunca aconteceu!”. No final, a teoria não passou à prática. Longe disso. E o quarto jogo sem vitórias (pior série do espanhol) valeu a descida ao quarto lugar.

A partida começou praticamente com três boas hipóteses para o Aston Villa, com Lucas Digne a rematar forte às malhas laterais (4′), Ederson a travar uma tentativa de Leon Bailey após assistência de John McGinn (6′) e a seguir a ter uma das defesas mais vistosas de todo o encontro numa tentativa de pé esquerdo de Pau Torres na área em arco que conseguiu ainda desviar quando parecia encaminhar-se para a baliza (7′). Erling Haaland também deu um ar da sua graça em versão dupla, com um primeiro remate defendido por Dibu Martínez antes de nova tentativa de cabeça depois de um cruzamento de Bernardo Silva que voltou a ficar nas mãos do argentino (11′), mas eram os villains que dominavam por completo um Manchester City que mais não era uma sombra do que já foi entre as muitas baixas que tinha como Rodri, Jack Grealish e Doku além de Kevin de Bruyne. Mais: sem Rodri, que estava castigado, a equipa parece outra…

Pep Guardiola teve quase um “brinde” ao poder chegar ao intervalo empatado para poder readaptar a equipa ao jogo do conjunto de Birmingham mas todas as fórmulas tentadas não só nunca foram suficientes para ter espaços na defesa contrária como sobretudo falharam na tentativa de travar o futebol vertical da equipa de Unai Emery. Com isso, o campeão foi vulgarizado. E já depois de mais umas ameaças, a mais perigosa num remate de McGinn (63′), o Aston Villa chegou mesmo à vantagem com um remate de Leon Bailey que ainda desviou em Rúben Dias e mudou a trajetória para a baliza de Ederson (74′). O jogo caía para a formação da casa e a resposta dos visitantes foi quase nula, sendo que Douglas Luiz ainda teve uma bola no poste (84′). Dez anos depois, o Aston Villa batia o City e subia a um sensacional terceiro lugar da Premier…