Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, criticou este sábado o veto dos EUA à resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. “O presidente descreveu a posição americana como agressiva e imoral, uma violação clara de todos os princípios humanitários e valores”, lê-se num comunicado divulgado pelo gabinete de Abbas, que acusa os EUA de serem “responsáveis pelo derramamento de sangue de crianças, mulheres e idosos palestinianos na Faixa de Gaza”.

A votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas pedia um cessar-fogo em Gaza. O Reino Unido absteve-se, enquanto 13 membros do Conselho, incluindo França e a Rússia, votaram a favor da resolução. Só os EUA votaram contra a resolução. O embaixador americano nas Nações Unidas justificou a decisão com a recusa do Hamas na libertação das  jovens mulheres que foram feitas reféns.

Estados Unidos vetaram cessar-fogo imediato em Gaza. Resolução do Conselho de Segurança era “desequilibrada”

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O presidente da Turquia também classificou como “deplorável” o veto norte-americano. “Desde 7 de outubro, o Conselho de Segurança tornou-se um conselho de proteção e defesa de Israel”, afirmou Recep Tayyip Erdogan num discurso sobre o 75.º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos.

Erdogan recordou que “o mundo é maior do que cinco”, numa alusão aos membros permanentes que compõem o Conselho de Segurança: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.

Já Gilad Erdan, embaixador de Israel nas Nações Unidas, agradeceu aos Estados Unidos pelo “apoio firme” a Israel. “Uma pequena luz rejeita muita escuridão”, disse Erdan, em comunicado citado pelo Times of Israel, fazendo uma alusão à celebração do Hanukkah, uma festividade para os judeus.

Já ministro português dos Negócios Estrangeiros lamentou a decisão dos Estados Unidos e insistiu na via do diálogo. “Naturalmente que lamentamos. Nós tínhamos precisamente apoiado a resolução que está ser vetada”, disse João Gomes Cravinho, à agência Lusa à margem da cerimónia de entrega dos prémios ‘Manuel António da Mota — Uma Vida em Angola’, que decorreu em Luanda.

Cravinho sublinhou que esta é a posição que Portugal tem assumido e insistiu que é urgente haver um cessar-fogo humanitário. “É preciso que haja acesso da ajuda humanitária à população de Gaza, consideramos também fundamental que haja libertação sem condições dos reféns em Gaza e acreditamos que o cessar-fogo iria nesse sentido”, sublinhou.

A votação que decorreu na noite desta sexta-feira resultou de uma iniciativa inédita do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao ter invocado o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas. O artigo em causa permite ao secretário-geral chamar a atenção do Conselho de Segurança para uma questão que pode pôr em perigo a paz e a segurança internacionais.