O momento atual do Manchester United, tal como já aconteceu com outros clubes e noutros pontos do tempo, é digno de estudo. No último mês, os red devils venceram quatro dos cinco jogos para a Premier League, viram Erik ten Hag, Harry Maguire e Alejandro Garnacho receberem os prémios mensais de Inglaterra, igualaram o Tottenham e ficaram a três pontos do Manchester City. Ainda assim, Old Trafford parece continuar a arder.

É certo que parte da instabilidade associada ao Manchester United pode justificar-se pela tímida prestação na Liga dos Campeões: os quatro pontos em cinco jornadas, a derrota com o Copenhaga e o empate com o Galatasaray. Contudo, o clube inglês parece cada vez mais ser um vulcão em permanente erupção e nem as vitórias consecutivas amenizam um universo onde Ten Hag continua a ser contestado, Bruno Fernandes não é um líder unânime, Jadon Sancho está afastado há meses e Antony, Martial e Rashford estão num claro mau momento.

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Este sábado, dias depois de uma jornada a meio da semana que trouxe uma vitória importante contra o Chelsea, os red devils recebiam o Bournemouth e tinham a possibilidade de pressionar desde logo tanto o Tottenham como o Manchester City, que só entravam em campo depois. E Erik ten Hag tinha plena noção de que o triunfo contra os blues não tinha travado a permanente erupção do vulcão.

“Sabemos para onde estamos a ir. Tivemos os nossos deslizes, principalmente no início da temporada. Muito azar com as lesões e às vezes chegas a um ponto em que não sabes bem o que aconteceu. Vamos vemos a personalidade da equipa e agora estamos num lugar melhor, em melhor forma. As exibições estão a melhorar, estamos a conseguir ter resultados enquanto equipa e individualmente. Temos de estar preparados para todos os jogos, esta liga é muito competitiva. Todos matam todos”, explicou o treinador neerlandês na antecâmara da partida.

Neste contexto, Ten Hag lançava Antony, Bruno Fernandes e Garnacho no apoio a Martial, com Amrabat e McTominay no meio-campo e Luke Shaw a fazer dupla com Harry Maguire no eixo defensivo. O Bournemouth gelou Old Trafford ainda dentro dos 10 minutos iniciais, com Solanke a desviar na grande área na sequência de uma recuperação de bola em zona elevada de Lewis Cook (5′). O Manchester United teve uma única oportunidade para empatar, com um cabeceamento de Maguire para as mãos de Neto, e foram mesmo os visitantes a ficar perto do segundo golo com um remate ao poste de Solanke (39′).

Ten Hag não mexeu ao intervalo, apesar de os red devils terem sido praticamente inofensivos ao longo de toda a primeira parte, e o Manchester United pareceu ter voltado do balneário com outra energia — mas sem consequências ou oportunidades propriamente ditas. Højlund entrou perto da hora de jogo, para o lugar de Martial, e o Bournemouth aproveitou um período mais caótico da partida para aumentar a vantagem através de um cabeceamento certeiro do recém-entrado Phillip Billing (68′).

O xeque-mate que engordou o escândalo apareceu logo depois, com Senesi a cabecear na sequência de um canto de Tavernier na direita (73′) e a deixar toda a equipa do Manchester United pregada ao chão. Ten Hag ainda lançou Evans, Rashford e Pellistri, mas o jogo arrastou-se dolorosamente até ao final e Bruno Fernandes ainda viu um proibido cartão amarelo por protestos, ficando desde já de fora da visita da próxima semana a Anfield para defrontar o Liverpool. Nos descontos, Ouattara ainda levou os números para a goleada, mas o golo foi anulado pelo VAR (90+4′).

A dias não só da visita a Anfield como do jogo contra o Bayern Munique onde vai decidir o futuro na Europa, o Manchester United perdeu com o Bournemouth em casa pela primeira vez na história e pode voltar a afastar-se do top 5 da Premier League.