Mourinho é sempre Mourinho, Mourinho está a ser ainda mais Mourinho porque Mourinho voltou a ganhar como Mourinho. Depois de um início ziguezagueante de temporada com mais baixos do que altos que levou a que a especulação em torno do técnico na imprensa avançasse até com “ultimatos”, a Roma foi melhorando, subiu de forma gradual posições na Serie A, foi cumprindo os serviços mínimos na Liga Europa (qualificado para a fase seguinte, podendo ainda ser primeiro classificado do grupo) e entrou mesmo na zona de acesso à Liga dos Campeões. Tudo, claro, tendo o português como protagonista. E a última semana, marcada pela importante reviravolta diante do Sassuolo que deixou a equipa em quarto, trouxe novos capítulos.

Criticou o árbitro (antes do jogo), pode ser suspenso, mas esta vitória não lhe tiram: Roma de Mourinho bate Sassuolo com reviravolta

Depois de analisar as declarações de José Mourinho antes e depois do derradeiro encontro do Campeonato, a Federação Italiana de Futebol decidiu enviar as conclusões para o Ministério Público pelas críticas que fez ao árbitro Matteo Marcenaro e ao internacional Domenico Berardi. “Marcerano não tem estabilidade emocional suficiente para um jogo deste nível. Na minha opinião, o perfil do árbitro não me deixa tranquilo. Com Marcenaro, certamente Mancini levará um amarelo ao minuto 10 e não jogará contra a Fiorentina”, referiu antes da partida. “A razão pela qual estou a falar em português é porque o meu italiano não é forte e polido o suficiente para expressar certos conceitos. Quando falei sobre estabilidade emocional, referi-me à caraterística necessária para o futebol de alto nível. Berardi é um jogador fantástico, mas precisa ter um pouco mais de respeito pelos adversários. É demasiado o que ele faz para desestabilizar o jogo, gozar com toda a gente, fazer com que se marque penáltis inexistentes”, destacou depois do triunfo com reviravolta.

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Esta semana, sabendo também que corre o risco de ser sancionado com mais uma pesada sanção, Mourinho quis depor perante o juiz Giuseppe Chiné, da Federação Italiana de Futebol, e esteve a ser ouvido durante quase uma hora de meia. Segundo o Corriere dello Sport, o treinador português explicou que não tem nada contra os visados apesar daquilo que disse antes e depois do encontro, argumentando também o porquê de ter emitido essas opiniões e as experiências passadas no futebol transalpino com Marcerano e Berardi. De acordo com a mesma publicação, a ideia da Roma, que esteve representada pelos advogados Antonio Conte e Daniele Muscarà, passa sobretudo por evitar um castigo mais pesado ao técnico.

Se as coisas fora de campo não corriam da melhor forma, o rendimento da equipa continuava a subir a pique, com os giallorossi a chegarem à 15.ª ronda frente à Fiorentina numa série de seis vitórias nos últimos oito jogos e apenas um desaire diante do Inter. “É um ícone. É por causa de Mourinho que se quer dar mais nos treinos e trabalhar mais no relvado. É o melhor treinador que poderia desejar, aprendo com ele todos os dias, tanto em termos táticos como psicológicos”, referiu Mancini ao SportMediaset. “É como um professor para mim. O treinador deu-me muitas responsabilidades, o que me leva a ter um laço de grande confiança com ele, para além de me ajudar a crescer por mim próprio. Transmite-nos a mentalidade e a atitude em campo e também nos treinos, é um mestre nisso”, destacou Bove ao Il Tempo. A Roma atravessava a melhor fase da temporada antes de uma partida que valia zona de Champions e conseguiu mesmo ficar no quarto lugar mas sem evitar o empate entre muito apoio a Mourinho em dois cartazes e demasiados contratempos.

O início dificilmente poderia ser melhor, com o Estádio Olímpico ainda a fazer ecoar a habitual música que faz parar tudo e todos no arranque da partida e com a Roma a inaugurar o marcador na sequência de uma grande jogada coletiva que teve a combinação entre Cristante e Dybala (que antes do encontro recebeu de Tiago Pinto o prémio de Melhor Jogador da Serie A em novembro) até ao cruzamento tenso do avançado argentino para o desvio de cabeça de Lukaku (5′). A tendência mantinha-se, com a Fiorentina a querer ter mais bola e os visitados a saírem rápido em transições como aconteceu num lance em que Dybala atirou ao lado após assistência de Dybala (15′). Tudo parecia correr de feição após mais um contratempo em termos físicos, com a Joia argentina a dobrar em demasia o joelho e a sair lesionado só com 25 minutos.

Apesar de ter mais bola, mais remates e mais cantos, a Fiorentina continuava a enfrentar dificuldades em criar verdadeiras oportunidades de golo entre um lance em que Rui Patrício saiu bem aos pés de Ikoné e um remate de Giacomo Bonaventura que podia ter feito melhor numa saída de bola de 3×2. A Roma ia sentindo a ausência de Dybala para fazer a ligação ao ataque, perdeu também na segunda parte por lesão o substituto Sardar Azmoun (entrou El Shaarawy) e era o conjunto de Florença que tentava arriscar mais na frente, com Ikoné a ter mais uma tentativa com perigo para defesa de Rui Patrício (51′). Bonaventura ainda acertou na trave também mas a resistência romana cairia com dois contratempos entre a expulsão por acumulação de amarelos de Zalewski (64′) e o empate por Lucas Martínez Quarta, numa desvio de cabeça (66′). E como dois males nunca vêm sós, também Lukaku viu vermelho direto por uma falta mais dura sobre Kouamé (87′), num final mais tenso no campo e nos bancos mas que não desfez a igualdade a um no Olímpico.