O líder do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), Braima Camará, segunda força mais votada nas últimas eleições legislativas guineenses, solidarizou-se esta quarta-feira com o Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, e demarcou-se do próximo Governo.

À chegada ao país, após quatro meses no estrangeiro, Camará disse que condena qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional e solidarizou-se com Sissoco Embaló que, disse, foi “vítima de mais uma tentativa de golpe”, no passado dia 01.

 “Quem é alvo de um golpe é o chefe de Estado e quando há o entoar das armas é para golpe de Estado (…), vamos ser consequentes e reafirmar que, em nenhum momento e sob quaisquer pretextos, vamos assumir quaisquer funções neste país que não conquistamos nas urnas”, declarou o líder do Madem.

Braima Camará considerou ser “triste” que a Guiné-Bissau tenha sido palco de mais um “entoar de armas”, numa referência aos confrontos armados nos passados dias 30 de novembro e 01 deste mês.

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Nesses dias, elementos das Forças Armadas e da Guarda Nacional envolveram-se em combates em Bissau, ação que o Presidente guineense considerou tratar-se de tentativa de golpe de Estado.

Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento e demitiu o Governo, tendo, na passada terça-feira, reconduzido Geraldo Martins no cargo de primeiro-ministro de um novo executivo, ainda por formar, mas da sua iniciativa.

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Nas últimas eleições legislativas de junho passado, o Madem alcançou 29 dos 102 deputados no parlamento agora dissolvido pelo chefe de Estado. A Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi a formação vencedora das legislativas, com uma maioria absoluta, com 54 deputados. Geraldo Martins era o primeiro-ministro do Governo então formado e prepara-se para liderar um novo executivo da iniciativa do Presidente guineense.

Falando em crioulo, Braima Camará instou “aqueles que não gostarem do general Umaro Sissoco Embaló” a combatê-lo nas urnas e “não através de armas”. Em relação ao futuro, afirmou que o seu partido “está mais preocupado” na reorganização interna do que na procura de postos no Governo, disse.

“Não podemos continuar a fazer política de esquemas, de emboscadas, de matarmo-nos uns aos outros em pleno século 21”, defendeu Camará.

O líder do Madem disse ter voltado ao país com “uma mensagem da paz” e disposto a cumprir o princípio de que a “democracia é a vontade da maioria”, embora tenha deixado em aberto a possibilidade de qualquer quadro guineense entrar no próximo Governo para “resgatar o país”.