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Chama-se Slovo Patsana, mostra um olhar sobre a vida na União Soviética nos anos 80 e, passados quase dois anos de guerra, parece ser uma das poucas coisas que russos e ucranianos têm em comum. A série russa, de Zhora Kryzhovnikov, estreou-se no mês de novembro e está a conquistar adeptos nos dois países e a valer a reprovação das autoridades de ambos.

Dividida em oito episódios, a série recua até ao período da perestroika na União Soviética, debruçando-se sobre o submundo de gangues de rua da região de Tatarstan. “A perestroika saiu das paredes do Kremlin e chegou às ruas das grandes e pequenas cidades. A União Soviética está a morrer diante dos nossos olhos e, juntamente com uma premonição de mudança, a liberdade de expressão, música, surge a liberdade de consciência, no limite da ilegalidade. Enquanto os pais lutam pela sobrevivência, as crianças, abandonadas por todos, juntam-se a gangues de rua e ‘lutam no asfalto'”, pode ler-se na sinopse da série.

[veja aqui imagens de “Slovo Patsana”:]

A série acompanha Andrey, um estudante de música de 14 anos que acaba por travar amizade com Marat, um rapaz da mesma idade e que “se torna o seu guia e do espectador no complexo mundo das ruas”.

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Segundo a revista The Economist, o título da série foi o mais procurado na Rússia e na Ucrânia não ficou muito atrás, mas o interesse não está a agradar às autoridades dos países.

A Ucrânia teme que o conteúdo seja usado como propaganda russa, uma vez que é um projeto financiado por uma empresa estatal com o objetivo de produzir “conteúdo patriótico”. Sem nunca mencionar o nome da série, o ministro da Cultura ucraniano chegou a aconselhar a população para não a visse, afirmando que “incentivava à violência”. A própria agência cinematográfica estatal ucraniana chegou ao ponto de declarar que a exibição pública da série era ilegal.

As autoridades russas não são menos críticas da série, que consideram romantizar a violência e apelar a autoridades alternativas. O governador da província de Tatarstan, Rustam Minnakhanov, prometeu mesmo que ia pedir ao Kremlin que bloqueasse o conteúdo. Em Moscovo, os senadores já apelaram que a série seja retirada das plataformas de streaming.